“A administração ajuda na evangelização”, afirmou Nereudo

A noite de segunda-feira (05) e a manhã de terça-feira (06) da Assembleia da Ação Evangelizadora do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) contou com a assessoria do Ecônomo da CNBB, monsenhor Nereudo Freire Henrique, e o assessor jurídico-civil da CNBB, Dr. Hugo José Sarubbi Cysneiros Oliveira. Falaram sobre a “Administração Eclesial: desafios e orientações” aos bispos, ecônomos e administradores diocesanos, no Centro de Espiritualidade Cristo Rei (Cecrei), em São Leopoldo (RS).

Segundo Dr. Hugo, a Igreja Católica é uma instituição confessional regida pelo código de Direito Canônico. Ela tem uma personalidade jurídica internacional e se apresenta como uma autoridade moral soberana e independente. Sua administração exige responsabilidade de seus gestores na finalidade de manter a estrutura na missão de evangelizar. A Igreja tem subdivisão de dioceses ou arquidioceses e está organizada em núcleos menores chamado paróquia.

Dr. Hugo destacou em sua falou algumas orientações a partir do Acordo Brasil Santa Sé sobre a personalidade jurídica das organizações religiosas, tributação, questões contratuais e casos específicos, como, por exemplo, a relação com voluntários, novidades sobre a filantropia em termos legais e jurisprudenciais.

Neste contexto há a necessidade de uma nova cultura de evangelização através da administração institucional da Igreja. “Mas existem barreiras na implementação de novos e modernos processos administrativos, pois ainda falta conexão entre o planejamento e o executado”, lembrou Monsenhor Nereudo.

Plano Operacional de gestão

A gestão é a ação de administrar, dirigir ou gerenciar uma atividade, negócio ou empresa, fazendo que ela caminhe bem e produza os resultados esperados. “Nesse processo de coordenar as atividades dos membros de uma instituição é importante estabelecer uma direção com objetivo, metas e estratégias, planejamento, organização formal, liderança experiente e otimista. A pessoa que vai direcionar precisa conhecer, acompanhar e delegar pessoas competentes”, frisou Nereudo.

Normalmente, afirmou o monsenhor, orientamos a construção de um Plano Operacional com a departamentalização de setor: administrativo, recursos humanos, contábil, financeiro, patrimonial, jurídico e informática.

Segundo a exposição de Nereudo, oferecer cursos permanentes para formação das pessoas que trabalham dos diferentes setores não é despesa, é investimento. Ter boa relação de acolhida com os funcionários mostra a ética religiosa no tratamento com as pessoas.

A contabilidade organizada ajuda na administração, no planejamento e prevê o futuro e os investimentos da instituição. “A contabilidade não é só para o governo, mas é uma questão de transparência e dá segurança administrativa. O cuidado com o registro e conservação do patrimônio com inventários organizados evitará transtornos futuros”, destacou Nereudo.

O setor jurídico deve ser consultado antes de qualquer decisão e tem por finalidade acompanhar a instituição a fim de evitar constrangimentos. A informática interligada e de precisão possibilita exatidão, agilidade e benefício.

O Conselho Econômico tem um papel fundamental na administração e planejamento anual. Pensar conjuntamente na finalidade de melhorar a gestão institucional.

Gestão e administração são dois pontos principais e desafiantes na vida eclesial. “Mas, faz-se necessário planejamento, controle, qualidade do serviço, organização, questões patrimoniais, financeira e recursos humanos. É necessário conhecer as questões legais da tributação. É necessário que haja conhecimento e adequação dos processos internos da instituição eclesial. Todas essas questões são ferramentas na administração em prol da evangelização. Acreditamos que a administração ajuda na evangelização. Se conseguirmos adequar todos os nossos processos à modernidade estaremos fazendo com que a nossa instituição tenha eficiência e eficácia”, destacou Nereudo.

Desburocratização e imunidade

Para atender as solicitações do Papa Francisco da desburocratização da Igreja é importante ter pessoas com conhecimentos das áreas técnicas para auxiliar os sacerdotes ligados a gestão. Na medida que se traz pessoas competentes e conhecedoras para participar isso vai surtir numa decisão coletiva e com novas ferramentas.

Para concluir, monsenhor Nereudo chamou a atenção para a imunidade da instituição religiosa que vem desde o tempo da separação do Estado e Igreja. “Creio que devemos ter um olhar bem amplo. A educação no país teve uma participação fundamental da Igreja. A área da saúde, social e cidadania. A Igreja tem cumprido um papel fundamental, pois nem sempre o governo consegue recuperar a cidadania, atender os excluídos, os mais empobrecidos. A Igreja, nesse sentido, tem feito um trabalho significativo e creio que seja importante continuar com aquilo que a Constituição Federal dá direito a imunidade”, concluiu.

Por Judinei Vanzeto

Assessor de Imprensa Regional Sul 3 da CNBB

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