A alegria de evangelizar
Dom Antônio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen
Pela narrativa do Evangelho deste Domingo (Mateus 22,15-21) podemos perceber como os fariseus andavam sempre à procura de colher Jesus em contradição para as perguntas que lhe faziam.
A pergunta era um dilema em que qualquer uma das respostas conspirava contra Jesus: se dissesse que não era lícito pagar o imposto aos romanos, poderiam denunciá-lo como revoltoso; se pelo contrario dissesse que se deveria pagar, certamente sublevariam contra Ele os israelitas, porque aprovava a opressão da sua pátria.
Jesus contorna com elegância divina a dificuldade com a resposta que o Evangelho nos transmite.
Hoje, a pergunta continua a ser dirigida à Igreja: É ou não lícito evangelizar, fazer a proposta da fé cristã, deixando a cada um a liberdade da resposta, ou seja dar a a Deus o que é dele, dentro da sociedade civil?
Curiosamente, a mesma sociedade democrática que levanta estas dúvidas, vendo na evangelização um atentado contra a liberdade à cultura dos povos, não se cansa de nos inundar com a publicidade de coisas úteis, inúteis, nocivas, imorais, atentatórias das verdadeiras liberdades humanas etc.
A evangelização é um convite amigo, um feliz contágio de amor que deixa a cada evangelizado a liberdade de o aceitar ou rejeitar.
Devemos fazer continuamente esta proposta amiga, porque desejamos a felicidade temporal e eterna de cada pessoa.
A crise atual de valores que atormenta o mundo ajuda-nos a compreender que, sem a luz da Evangelho, a vida não tem qualquer sabor. Falta a segurança e a alegria. Toda a vida se reduz a algumas sensações que, por serem agradáveis aos sentidos no princípio, acabam por saturar e semear uma infelicidade sem fim.
Jesus nos ensina a cumprir o que é de justiça: “Então, daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”.
Dai a César o que é de César.
Dar ao mundo e à sociedade o nosso trabalho dedicado e honesto, o cumprimento dos nossos deveres de estado de vida, de profissão, de civilidade. Oferecer nossas capacidades para o bem da sociedade civil.
Dar a Deus o que é de Deus.
- O nosso coração. É o símbolo da vida humana. Dá-lo ao Senhor significa deixá-lo guiar pela Sua Lei.
- As nossas energias. Deus quer precisar da nossa boa vontade para evangelizar o mundo, como quis contar com os serventes de Cana para que enchessem as talhas de água, e com os pães e peixes que o jovem trazia talvez para farnel pessoal.
- Responder a Deus à vocação pessoal. Acolher o convite do Senhor para seguir um a das formas de vida: sacerdotes, religiosos-religiosas, consagrados, fiéis cristãos leigos no meio do mundo, etc.