A Ascensão do Senhor
Celebramos neste Domingo a Solenidade da Ascensão do Senhor ao céu. Somos convidados pelos anjos a não ficar olhando para os céus, no sentido de não vivermos um cristianismo estático, de simples expectativa. Somos desafiados a esperar e a preparar a volta gloriosa do Senhor, Sua segunda vinda.
No Credo dizemos: “Ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu aos céus onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos e o seu reino não terá fim”. É isto o que, como Igreja, acreditamos em relação ao que aconteceu com Jesus. Nós cristãos somos enviados ao mundo como testemunhas da Ressurreição do Senhor, anunciadores do perdão dos pecados e da vida nova dos filhos de Deus. Em nós temos a força do Espírito Santo que quer reunir toda a humanidade na única Igreja de Cristo.
Podemos, com estes princípios, entender a imensa alegria que os primeiros cristãos, nossos irmãos na fé professavam, em relação a esta realidade da Ascensão do Senhor: “A Ascensão de Cristo é a nossa ascensão; já que o corpo é convidado a elevar-se até a glória em que o precedeu a cabeça. Vamos cantar nossa alegria, expandir em ação de graças todo o nosso jubilo. Hoje, não apenas conquistamos o paraíso, mas, no Cristo, penetramos nos mais altos céus”. (São Leão Magno, séc. V).
A 1a Leitura, (Atos 1,1-11) nos relata, entre tantas realidades, a Ascensão do Senhor ao céu. Este trecho nos apresenta um pequeno resumo do Evangelho e nos mostra o início da atividade missionária dos Apóstolos, que é exercida por ação do Espírito Santo. Há uma continuidade da ação de Jesus e a dos Apóstolos. Desta ação, surge a Igreja. Hoje, somos nós os herdeiros desta ação do Espírito de Deus, e cabe a nós levar a todas as nossas realidades o anúncio do Evangelho.
Na 2a Leitura (Efésios 4,1-13), o apóstolo São Paulo nos lembra que em nós age a força de Jesus Ressuscitado. Por isso, a vida do cristão não pode ser diferente da vida de Cristo: humildade, mansidão, paciência, amor, aplicação em viver a unidade do espírito. Formamos um só Corpo em Cristo e temos todos um único Espírito. Uma só fé, um só batismo, um só Deus: todos temos um só Senhor. E todos empenhados na obra da salvação do mundo. Para isto, Ele “instituiu alguns como apóstolos, outros como profetas, outros ainda como evangelistas, outros enfim como pastores e mestres”. Todos chamados a edificar o Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Finalmente, no Evangelho deste Domingo (Marcos 16,15-20), Jesus aparece a seus discípulos para confiar-lhes uma missão e torná-los um ponto de referência no dia do juízo final. Os discípulos são enviados ao mundo inteiro para anunciar o Evangelho. Quem aceitar o anúncio do Evangelho por eles pregado, será salvo. O Senhor os ajudará e confirmará a palavra anunciada pela Igreja, até o fim dos tempos. A nós, cabe-nos o anúncio alegre e fiel da Boa Nova. Sejamos apóstolos do Senhor nas realidades normais do mundo.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen