A celebração de todos os santos

Neste ano, nós já celebramos os finados na última terça-feira, e só neste domingo estaremos falando em todos os santos. Na verdade, esta é uma homenagem que se presta a todos aqueles que já viveram aqui na terra e já alcançaram a vida plena para a qual foram criados. Alguns destes a Igreja já canonizou a maioria não. Mas a grande maioria é formada por santos anônimos.

A pergunta deste domingo: São muitos ou são poucos os que se salvam? – O Apocalipse nos responde com muita propriedade: “Ouvi o número dos que tinham sido marcados: eram cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disso, eu vi uma multidão imensa de gente, de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão” (Ap 7,4.9). Para a nossa alegria, era muita gente que estava lá. Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar.

Bem no final da leitura, o texto coloca: “E um dos anciãos falou comigo e perguntou: Quem são estes vestidos com roupas brancas? De onde vieram? Eu respondi: Tu é que sabes meu Senhor. E então ele me disse: Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,13-14).

Certamente, esta é uma confortadora mensagem para a celebração de todos os santos. Temos a confiança de que, a partir das obras do “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”, como dizia São João Batista (Jo 1,29), nossa esperança é de que muitos se salvam.

Por outro lado, assusta-nos o caminho da santidade que nos é proposto pelo evangelho deste domingo. Trata-se do sermão da montanha e da proclamação das bem-aventuranças. É um discurso que realmente não vem ao encontro da opinião pública e de tudo o que hoje se apresenta como ideal de felicidade e de realização.

No mundo em que sempre se apresenta o ter, o poder e o consumir, como grandes ideais de vida, é difícil encaixar este discurso: “Bem-aventurados os pobres de espírito, os aflitos, os mansos, os que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração…” (Cf Mt 5,1-12).

Dom Zeno Hastenteufel – Bispo Diocesano de Novo Hamburgo