A Cruz do Senhor

“Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que ‘eu sou’, e que nada faço por mim mesmo, mas falo apenas, aquilo que o Pai me ensinou. Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque eu sempre faço o que é do seu agrado’. Como falasse estas coisas, muitos passaram a crer nele”’ (Jo 8, 28). Jesus se revela plenamente em sua Cruz. Sem passar por ela, não existe caminho espiritual para cada cristão. Justamente no aparente absurdo da Cruz, na qual se revela o amor maior, poderemos todos fazer a passagem pela morte e ressuscitar com Ele para a vida plena.

“Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12, 32). A Cruz está elevada, também fisicamente, por todos os recantos do mundo, como sinal da vida sobre a morte. Deixar-se marcar pela Cruz de Cristo significa escolher dois movimentos na própria vida. Primeiro, olhar para as coisas do alto, escolher Deus como Senhor de nossa vida, deixar que sua Palavra nos guie, apaixonar-se pela sua vontade. Depois, no coração de Cristo, e em nosso coração é traçado o outro movimento da Cruz, que faz abrir os braços no amor ao próximo.

“De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3, 16-17). No coração de Jesus e no coração de cada cristão, devem pulsar estes dois amores. São Paulo o proclama de forma esplêndida: “Deus, rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou, quando ainda estávamos mortos por causa dos nossos pecados, deu-nos a vida com Cristo. É por graça que fostes salvos”! (Ef. 2, 4-5).

Uma das formas para levar a salvação de Cristo é nossa capacidade de dialogar, recordando o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica em curso: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”, tendo como lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (cf. Ef. 2,14).

Olhando para o alto da Cruz de Cristo, saberemos olhar para frente, adquirindo a capacidade de olhar nos olhos dos outros, embora as diferenças, e construir pontes. Estas se fazem quando acolhemos as sementes do Verbo de Deus, plantadas pelo Espírito Santo por toda parte. Dessa forma nos descobriremos unidos, encontrando estradas para um mundo diferente, fraterno e solidário. Só poderemos fazê-lo olhando para aquele que foi levantado na Cruz, sepultado e ressuscitado no terceiro dia, apontando para a eternidade feliz, que o Pai deseja para todos. Feliz Páscoa no Senhor!

Dom Hélio Adelar Rubert – Arcebispo de Santa Maria