A esperança de um novo tempo!

Estimados irmãos e irmãs em Jesus Cristo! Vivemos num momento da nossa história marcado profundamente pela dor, que feriu milhares de pessoas e famílias que perderam seus entes queridos por causa da pandemia do Covid-19. Por outro lado, vemos crescer a cultura da indiferença em relação à dor que toca a vida dos nossos irmãos.

Hoje, corremos o risco e já está na moda a cultura da indiferença. Ela é extremamente nociva ao Evangelho anunciado por Jesus Cristo, porque não é capaz de acolher e valorizar a vida, a família, a fé e os valores cristãos. Tais valores baseados nos princípios do amor, da caridade e da solidariedade, nos levam a olhar os que vão ficando à margem do caminho como pessoas que precisam ser acolhidas e tratadas com dignidade humana.

Na cultura da indiferença não tem lugar para o Crucificado, mas o cristão, fiel seguidor do Senhor Jesus, irá sempre ter presente que a fé madura e responsável se exprime aos pés cruz. Ali é o lugar da partilha, da dor do homem e de Deus. Aquele é o lugar onde o Cristo Jesus mostra a sua divindade. E é justamente naquela partilha, naquela participação de Deus na dor do homem, que está a resposta às perguntas que temos guardadas no silêncio do nosso coração. Quando acolhermos o Senhor Jesus em nossa vida, teremos não só as respostas para as perguntas que nos inquietam, mas também descobriremos que ele é o caminho, a verdade e a vida que nos conduz ao Pai.

O cristão, discípulo e missionário do Senhor Jesus, é alguém que traz no coração a força da sua fé e vive esta fé na esperança. Porque a esperança de uma vida nova deve guiar a nossa existência, nós que fundamos as nossas decisões e a nossa fé no Ressuscitado. No peregrinar da vida, é normal sentirmos temor e desconforto em relação à “dura experiência da morte”, pela qual todos nós devemos passar um dia. Mesmo assim, não devemos deixar morrer em nós a esperança de um novo amanhã, nem devemos deixar de colocar diante do Senhor, em nossas orações e no silêncio da escuta do que ele tem a nos dizer, aquelas perguntas que humanamente e espiritualmente nos inquietam, mas que dão sentido e significado à nossa existência, muitas vezes marcada por momentos difíceis e de grandes provações, humanas e espirituais. Muitas vezes a razão humana busca respostas para as realidades que nos afligem no dia a dia e não consegue compreender as respostas de Deus, porque Ele é a resposta.

Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB