A importância da família e da comunidade

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Este período do ano é marcado pelas férias, pelas viagens, pelos encontros de famílias, e é comum, ao andarmos nas ruas das cidades ou lugares da nossa região, encontrarmos visitantes de outras partes do nosso Estado, mas também de outros Estados e de outros países, que aproveitam este período para conhecer a realidade da Serra Gaúcha e suas paisagens, onde se pode contemplar a imensidão dos campos, os cânions, os vales e os parreiras; além da riqueza cultural de um povo hospitaleiro, que traz na bagagem o amor pelo trabalho, a família e a fé, que deixou sua marca no tempo para as próximas gerações, nas comunidades do interior e nas cidades. Valores culturais presentes na culinária, no cultivo da terra, na implantação da agroindústria, mas também no desenvolvimento de um importante polo industrial, aberto às inovações tecnológicas que lhe permite competir a nível nacional e internacional.

Praticamente todas as empresas da região que visitei até agora, grandes ou pequenas, trazem uma história marcada pelo intenso trabalho, na qual o sonho, a iniciativa, a perseverança e a esperança forjaram uma nova realidade, marcada pela comunhão entre passado e presente. A família, com todos os seus limites, sempre teve uma forte influência cultural, religiosa e econômica, sobre os seus indivíduos, porque foi o berço do cultivo e da transmissão dos valores recebidos e passados através das gerações.

Creio que este tempo de férias proporciona às famílias a oportunidade de uma maior convivência entre pais e filhos. É também uma oportunidade para estreitar os laços de afeto, alargar os horizontes das novas gerações, transmitir valores e reforçar o sentido de pertença à família, que traz na sua história, um passado e um presente, com perspectiva de futuro. A família cristã não difere dos padrões convencionais da vida familiar, mas deve estar aberta ao respeito e ao cuidado da vida, segundo os valores do Evangelho. A família deve ser a primeira escola da vida, onde se aprende a respeitar e cuidar do sagrado dom da vida, a praticar o amor a Deus, ao próximo e a si mesmo, e também a valorizar a dimensão do trabalho, como parte da realidade humana.

A família e a comunidade foram os lugares que favoreceram, ao longo da história, o processo de iniciação à vida cristã e de transmissão de valores. Nos últimos anos, a família tem passado por um grande processo de transformação, perdendo em algumas realidades sua capacidade de ser o lugar ideal e privilegiado da iniciação cristã das crianças e dos jovens, onde o testemunho de fé dos pais contagiava os corações dos filhos. A comunidade, lugar de celebração da fé, passou e continua passando por um grande processo de transformação social e religioso. No entanto, para manter sua identidade de comunidade cristã, acolhedora e aberta ao sopro do Espírito Santo, as pessoas que dela fazem parte devem continuamente colocar-se à escuta de Deus, como discípulas, para poderem anunciar Jesus, como missionárias, pelo testemunho e pela palavra.

+ Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Su