A missão que é fruto do Batismo

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Jesus, o Filho de Deus, aquele que “batizará no Espirito Santo e no fogo”, assumindo a natureza humana, vai até o rio Jordão para receber o batismo de conversão de João Batista. Aquele que não tinha pecado desce no coração da humanidade, junta-se aos pecadores, para elevar consigo a humanidade ao Pai. Jesus, manso e humilde de coração, é solidário com a humanidade que padece entorpecida pelo pecado do egoísmo, da violência, do abandono e da indiferença. Ele veio revelar ao mundo a face de Deus e o seu projeto de amor, que busca a reconciliação da criatura com o Criador, através da compaixão e da misericórdia.

Pelo Sacramento do Batismo renascemos, em nome da Santíssima Trindade, como filhos e filhas de Deus, e somos acolhidos na Igreja, comunidade de fé. Acolhidos não por acaso, mas para vivermos uma missão, a de testemunharmos Jesus Cristo. Penso que nos passos da vida temos muitos meios e modos de testemunharmos a nossa fé, e, em nome da fé que professamos, podemos fazer ações que revelam o rosto da ternura e do amor-compaixão de Deus. Podemos também assumir um ministério, nos colocando a serviço do Senhor na comunidade. Quando nos dispomos a servir o Senhor, saímos do nosso isolamento, e deixamos a indiferença de lado, para darmos um novo sentido à nossa vida.

A graça de poder servir a Deus e aos irmãos, através dos ministérios na comunidade e na ação missionária, pode também ajudar a despertar nos jovens o sentido da corresponsabilidade e do compromisso em relação à vida. Porque quando nos dispomos a servir, podemos ver e tocar as fragilidades e feridas que atingem uma grande parcela do nosso povo. “Aquilo que os olhos não veem o coração não sente”. Jesus viu o sofrimento do povo, encontrando-o ao longo do caminho.

O discípulo que acolhe o Senhor em sua vida sabe reconhecê-lo naqueles que buscam a paz, o diálogo e a reconciliação. O descobre nos pobres e sem recorrer à violência, se empenha para promover a justiça, o vê no estrangeiro, que procura ajuda, o abraça naqueles que estão enfermos, na solidão e precisam de conforto. Quem tem um olhar guiado pelo amor deixa-se interpelar pelos acontecimentos, e sabe acolher os sinais de esperança, presentes muitas vezes nas sombras do mundo.

+ Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul