A Paz esteja convosco
A centralidade do Mistério Pascal de Jesus Cristo é um chamado incessante à transformação pessoal e comunitária, um convite para cada cristão mergulhar, de forma ativa e dinâmica, nesse evento salvífico essencial.
É através da morte e ressurreição de Cristo que Deus se revela de maneira sublime e amorosa, respondendo às mais profundas indagações humanas e divinas.
Na 1ª Leitura (Atos 3,13-15.17-19), São Pedro testemunha esse acontecimento central. Apesar de suas fraquezas e falhas, ele experimenta o acolhimento e o amor incondicional de Cristo ressuscitado. Seu encontro com o Ressuscitado o impulsiona a proclamar e testemunhar as maravilhas da misericórdia divina. É lembrado que após sua ressurreição, Cristo tem um diálogo emocionante com Pedro, culminando com as palavras “segue-me”.
Pedro oferece seu testemunho para que, em nossa fragilidade, também possamos ser tocados pela presença do Cristo ressuscitado e sentir a necessidade de amar incondicionalmente, descobrindo assim nossa vocação e missão de anunciar o Evangelho.
A experiência de João, manifestada na 2ª Leitura (1 João 2,1-5a), também é uma vivência da paz proveniente daquele que está além do pecado, intercedendo por nós. João, mesmo em sua fragilidade, experimenta esse amor e nos exorta a mantê-lo como fonte constante de conversão e santidade.
O perdão dos pecados nos permite mergulhar no profundo amor de Deus, que, ao descer até nossa miséria, nos eleva à santidade e à beleza de Sua vida.
Hoje, no sacramento da reconciliação, tocamos o amor de Deus. Este sacramento, sinal da presença do Ressuscitado, nos renova, reconstruindo nossas vidas e confirmando nossa vocação como testemunhas de Cristo. E especialmente na Eucaristia, assim como os discípulos de Emaús, reconhecemos, nos enchemos de alegria e O proclamamos.
No Evangelho (Lucas 24,35-48) vemos como Cristo mostrou suas mãos e seus pés. Estes foram os sinais de seu amor e sacrifício, os sinais da cruz. Eles representam a liberdade suprema: “ninguém tira a minha vida, eu a dou livremente”.
Este gesto de Cristo Ressuscitado, como narrado por Lucas, é a proclamação da fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Ele é diferente, ressuscitado, mas ainda Deus e Homem, uma só pessoa com duas naturezas, em verdadeira comunhão com seus discípulos e com a humanidade.
Somos convidados a ver e tocar o Senhor Ressuscitado em muitos sinais de Sua presença, especialmente na Eucaristia e nos irmãos, especialmente nos mais frágeis.
Nós somos testemunhas destas coisas. A Igreja vive do Senhor Ressuscitado, e essa experiência nos compromete a testemunhar sua vida, palavra e amor.
O dinamismo do mistério pascal de Cristo é constante, também em nossa vida, apesar de nossa fragilidade. E mesmo que o mundo mostre sinais contrários, a vitória do amor e da vida em Cristo ressuscitado é imparável.
A liturgia deste domingo nos convida à conversão que surge do encontro com Cristo ressuscitado, nos desafiando a ser suas testemunhas, a amar profundamente a Igreja e a participar ativamente de Seu anúncio.
Maria Santíssima, mãe da Igreja, continua nos incentivando a seguir os passos de seu filho: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen