Ano Santo: uma luz para o caminho
Estamos atravessando um momento histórico de muita apreensão, tempos difíceis, de inseguranças e incertezas. As notícias do dia-a-dia nos deixam como que aterrorizados. As catástrofes ambientais se multiplicam a cada dia; de um lado chuva de mais, grandes enchentes e inundações e de outro falta de chuva, secas e queimadas, isto é, a vida sendo devastada, é a natureza respondendo a agressão humana contra ela. Ainda para piorar, os conflitos e as guerras se espalham pelo mundo. Como nos diz o nosso Papa Francisco, vivemos a 3.ª guerra mundial em pedaços.
Diante de tudo isso, nos vem os questionamentos: O que tudo isso provoca em nós? Qual é realmente o papel da igreja diante dessa realidade? Com certeza sem esperança não conseguimos enfrentar nem buscar soluções. O Santo Padre, com seu zelo de pastor, escolheu como tema do próximo Ano Santo a esperança, dando como lema “peregrinos de esperança”. Temos, portanto, uma grande luz, porque como nos diz o apóstolo Paulo “a esperança não engana”. (Rm 5,5).
Chegamos a um ponto onde não dá mais para continuar, é urgente que tomemos outro caminho. Ou seja, é preciso, cheios de confiança, acreditar, buscar e construir. As orientações para o Ano Santo são de uma riqueza enorme. Que todas as nossas comunidades abracem, vivam com intensidade. Eu estou convicto de que, se vivermos bem o Ano Santo, já teremos passos novos na busca de um novo caminho.
Voltando aos questionamentos e tentando encontrar respostas e ou soluções, eu penso que o Ano Santo é uma profunda motivação para uma grande avaliação e retomada, ele nos reconduzirá às fontes, nos fazendo recuperar coisas importantes que foram esquecidas. O estudo dos documentos conciliares do Concilio Vaticano II, de modo especial as quatro constituições apostólicas, ajudará a clarear o papel da igreja neste mundo cada vez mais desafiador.
Todo Ano Santo é um tempo especial de penitência, de perdão e de conversão. Por isso com o coração aberto, como verdadeiros peregrinos de esperança, mostremos ao mundo sinais da nossa conversão. Se hoje um dos maiores pecados é contra a criação, o Ano Santo será nossa grande oportunidade, para fazermos um profundo exame de consciência, de nos arrependermos e pedirmos perdão. E, como compromisso ou prova de que realmente queremos tomar outro caminho, empenhemo-nos de verdade numa vida de mudança e reparação.
Ancorados em Cristo, que é a nossa Esperança, vivamos juntos “um Ano Santo caraterizado pela esperança que não conhece ocaso, a esperança em Deus. Que nos ajude também a reencontrar a confiança necessária, tanto na Igreja como na sociedade, no relacionamento interpessoal, nas relações internacionais, na promoção da dignidade de cada pessoa e no respeito pela criação”. (Papa Francisco – Bula de proclamação do Jubileu, n. 25).
Pe. Jair da Silva – Diocese de Bagé