Braços Abertos

A liturgia deste domingo nos convida a contemplar o amor misericordioso de Deus, que ama a humanidade de forma infinita e incondicional e que, de forma especial, se preocupa com os pecadores e afastados. A parábola do “filho pródigo” apresenta Deus como um pai que espera ansiosamente o regresso do filho rebelde, que o abraça quando o avista, que o faz reentrar em sua casa e que faz uma grande festa para celebrar o reencontro.

Um jovem abandonou seu lar em busca de liberdade e de aventura. Desejava ser feliz, a vida tranquila em seu lar cristão, para ele se afigurava como monótona e para si era uma barreira, que o mantinha longe do sabor da vida.
Foi embora, sem dar notícias, sem se despedir de ninguém, sem ninguém saber. Os anos passaram. E esse jovem descobriu muitas coisas. A principal, porém, era que realmente, seu antigo lar cristão, era uma barreira. Não aquela que ele imaginava, e sim uma barreira contra o pecado, a dor, a traição e o infortúnio, coisas que experimentara, e que lhe tornaram a vida amarga.
Um dia não podendo mais suportar a saudade do lar. Resolveu voltar. Mas como voltar agora? Depois de anos, e ainda mais, após ter deixado o lar, sem ao menos se despedir, como teria a certeza de que seria aceite? Jamais poderia suportar sequer a ideia de ser rejeitado por seus pais. Mas como saber que eles estariam dispostos a perdoá-lo e recebê-lo novamente?

Uma ideia lhe surgiu. Escreveu aos pais, suplicando perdão e pediu para voltar para casa. Se os pais o aceitassem novamente, deveriam estender um lençol branco no varal de casa, como sinal de que fora perdoado e ainda continuava sendo amado.

Na data marcada embarcou no trem. Estava ansioso. Partilhou sua ansiedade com o passageiro que ao seu lado viajava. Explicou-lhe que sua casa ficava a margem da ferrovia, descreveu-lhe as características e lhe fez o pedido de que ao passarem por lá, que o passageiro lhe informasse se o lençol estaria pendurado, pois, não tinha coragem de olhar. Caso não houvesse lençol, não desembarcaria, prosseguiria viagem até a próxima cidade.
Chegou finalmente à casa de seus pais. Então sem olhar para janela perguntou ao passageiro sobre o lençol. O passageiro não podia conter-se e exclamou:
– Você precisa olhar – disse ele – todo o varal o telhado da casa, as árvores e a cerca, estão cobertos de lençóis brancos!

É a atitude de Deus para com os filhos afastados. O Filho desprezou sua dignidade de filho, o Pai nunca abandonou seu amor de Pai. A misericórdia de Deus é maior que todos os nossos pecados. Contudo, espera uma atitude de retorno: CONVERSÃO.
A Igreja não é feita de santos, mas de pecadores perdoados. Na 2ª Leitura, S. Paulo escreve: “Jesus veio salvar os pecadores e eu sou o primeiro deles”. (1Tm 1,15)

No entanto, qual deve ser nossa atitude para com aqueles que se afastaram de Deus e da Comunidade?

Renovemos a nossa fé em Deus, Pai de bondade e misericórdia, e fiquemos de BRAÇOS ABERTOS também para nossos irmãos afastados.

Dom José Mario Scalon Angonese – Bispo de Uruguaiana