Continuar caminhando mesmo em meio às provações
É próprio do ser humano, buscar fatos ou sinais que chamam a nossa atenção. Também nos fatos da vida buscamos os sinais, que possam nos fazer esperar, e gostaríamos de poder ler estes sinais como acontecimentos que anunciam a realização do projeto de salvação, do Reino de Deus que lembramos e rezamos no Pai nosso. Mas, muitas vezes, vemos e nos confrontamos com sinais que nos trazem incertezas e apreensões.
Gostaríamos, ao menos, de conhecer antecipadamente as datas das catástrofes, para nos prepararmos e podermos, quem sabe, evitar que tantas vidas fossem perdidas prematuramente. Em linguagem simbólica, se fala do que acontece continuamente fora e dentro de nós, nos fatos que lemos nos jornais, vemos na televisão ou acompanhamos por outros Meios de Comunicação Social, e que estão dentro do coração humano. Na realidade se trata da existência, marcada pela passagem contínua da morte à vida.
Cada geração faz a experiência do fim, seja através da morte que nos acolhe, mas também pelos acontecimentos negativos que marcam cada momento da história. Como cristãos, devemos cotidianamente pedir ao Senhor que aumente a nossa fé, para vivermos com mais autenticidade e fidelidade a palavra de Deus, alimentando a esperança para enfrentarmos os fatos negativos que presenciamos e as provações que nos atingem.
Quem crê testemunha esperança, no coração da tragicidade da história. Não nos é solicitado adivinhar a data do fim do mundo, mas distinguir a vinda do Senhor, a cada dia, a cada hora. Ele vem e a sua vinda cotidiana faz, sim, que se cumpra a vinda definitiva, na esperança cultivada na fé e no coração.De fato, o Senhor vem sempre e a sua vinda é como o início da primavera. Ele pede para não termos medo, mas confiarmos, lembrando que o sol, a lua e as estrelas podem cair, mas as promessas de Deus não cairão jamais.
Neste tempo de inquietudes, somos também nós convocados a assumirmos com mais empenho a nossa vida de fé, fazendo resplandecer a verdade e a beleza da fé na família, na comunidade e na realidade onde vivemos, sem sacrificá-la frente às exigências do presente, nem mantê-la presa ao passado. Lembrando que o segredo da vida é amar sem medida, amar sempre. O amor é vida. A ausência dele é sinal de morte. O gesto de Jesus na cruz foi um gesto de amor. Da entrega na cruz nasce a ressurreição, vida nova, vida plena em Deus.
Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB