De Belém de Judá vem a salvação para a humanidade

A Liturgia da Palavra deste Domingo do Advento nos fala de como as grandes obras de Deus surgem sempre de situações simples e entre pessoas humildes, pouco consideradas aos olhos do mundo.

Belém, a cidade de onde surgiria o Messias, era considerada uma das menores cidades de Judá, de pouquíssima relevância entre as demais cidades.

Contudo, o Messias Prometido terá nela a sua origem e não a grande cidade que é Jerusalém, centro do poder e da realeza.

Surge neste momento do Advento, a figura de Maria. O “filho do Altíssimo” que vem para a salvação de toda a humanidade escolhe uma forma humilde, simples de se fazer presente: faz-se preceder de pessoas humildes e simples, não das grandes figuras de Israel. É anunciado por João Batista a “voz que clama no deserto”. Nasce de uma virgem humilde e simples, Maria Santíssima nos ambientes pobres e desvalorizados de seu tempo: os pastores. Nasce em uma gruta.

Mas Ele é o descendente de Davi que antes de ser rei, foi também um humilde pastor de Belém.

Neste Domingo do Advento, a grande protagonista é Nossa Senhora. Ela é definida no Evangelho de hoje (Lucas 1,39-45) como a “Mãe do Senhor”, ou seja, a Mãe de Deus.

Para ela, Izabel destina aquela que pode ser considerada a primeira bem-aventurança de todo o Evangelho: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.

É pelo sim de Maria que tem início a realização da salvação prometida por Deus, desde o primeiro pecado da humanidade. Nela começa a realizar-se a Salvação prometida por Deus.

Segundo a promessa que ouvimos na 1a Leitura (Miqueias 5,1-4), o Messias Salvador teria a sua origem em Belém de Judá. É daí que surge aquele que vem instaurar a autêntica Paz, tão ansiada por toda a humanidade. A Paz será, segundo esta promessa, uma pessoa: o Messias.

Na 2a Leitura (Hebreus 10,5-10) o autor sagrado nos apresenta a condição para que Deus aceite uma imolação, um sacrifício a Ele oferecido. É preciso que a imolação da vítima esteja acompanhada do fiel cumprimento da vontade de Deus. De nada adiantam sacrifícios e vítimas oferecidos sem a obediência a Deus.

Neste sentido, o sacrifício de Cristo, oferecido de forma definitiva na cruz apresenta-se como o sacrifício prefeito.

O que agradou a Deus não foi a simples morte cruenta de seu Filho, na cruz. Deus não fica feliz e nem se aplaca com o sangue humano oferecido. O que agradou a Deus, e continuará sempre a agradá-lo foi a liberdade e a generosidade com as quais Cristo Jesus se ofereceu, selando com sua morte a decisão de ter vindo ao mundo para a nossa salvação definitiva.

Sua obediência agradou a Deus e nos tornou novamente filhos de Deus, recuperando para a humanidade a Graça perdida pelo primeiro pecado.

Em cada Missa, apresentamos a Deus o sacrifício de obediência e de amor que Cristo ofereceu ao Pai, na cruz. Unindo-nos a Ele na Eucaristia, nos tornamos oferendas vivas na entrega de nossa vida.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen