Deus vem em nosso auxílio
O Evangelho deste Domingo (Mateus 14,13-21) narra como as multidões seguiam Jesus com entusiasmo. Até se esqueciam de levar o que comer. Por isso, o trecho nos narra como naquela situação encontram-se em uma situação difícil: estão longe de algum lugar onde possam comprar pão e a noite aproxima-se.
Por falta de fé, – não se lembram de que tem com eles o Senhor onipotente – os Apóstolos deixam-se tentar por uma solução preguiçosa e irresponsável: “Manda embora esta gente!”. Jesus recusa-se a resolver desta forma este problema.
Talvez não precisemos sair de casa ou do nosso ambiente de trabalho para encontrar muitas pessoas com graves carências. Estamos habituados a reparar só na fome corporal e em outras dificuldades materiais que as pessoas apresentam, mas não damos atenção a outras espécies de fome que atormentam muitas pessoas.
Há a fome de doutrina, gerada pela ignorância religiosa, mesmo entre os que se dizem católicos. Isso é hoje um verdadeiro flagelo. Esta ignorância leva muitas pessoas a comungar indignamente, a apropriar-se dos bens alheios, a viver desonestamente e a atear conflitos em famílias inteiras, a caluniar e prejudicar os irmãos.
Existe também a fome da graça de Deus. Muitas pessoas vivem habitualmente em pecado mortal, como se isto fosse a coisa mais natural de mundo. Esquecem-se que tem uma alma imortal, que um dia irão apresentar-se diante de Deus, para dar contas da própria vida.
Percebe-se também a fome de paz, de alegria, de otimismo, como consequência do abandono do amor de Deus e do desprezo dado aos irmãos.
Nem sempre os que nos aparecem como ricos o são de verdade na alma. Muitos, pela sua vida, são clamorosamente indigentes, gritando pela nossa ajuda. Quando Jesus mandou aos Apóstolos que fossem eles a dar de comer àquela multidão faminta, devem ter ficado também desorientados. Mas eles reagiram e obedeceram a Jesus. Jesus aponta a solução: façamos da nossa parte tudo o que é possível – mesmo que seja pouco – e, a partir daí, Deus solucionará os problemas. Assim, em diversas situações, nos narram os Evangelhos:
- Pediu aos serventes que enchessem as talhas de água em cana da Galileia e Jesus transformou a água no melhor vinho.
- Pediu que o jovem se desprendesse dos cinco pães e dois peixes e, com eles, o Mestre saciou cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
- Para que o paralítico voltasse para casa cheio de saúde, foi necessário que alguns amigos levassem o seu catre até o lugar onde se encontrava Jesus.
Também nas coisas materiais assim acontece: os pais chamam novos seres humanos à vida, de mãos dadas com Deus, e surge um filho, uma filha; o lavrador lança a semente à terra, como se estivesse realizando um desperdício, e o Senhor multiplica por muitos grãos aqueles que o homem lançou á terra. O que Ele quer de nós, afinal, é que façamos tudo e só o que podemos fazer. Ele toma a responsabilidade de realizar tudo o mais.
Dom Antônio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen