Discernir para seguir a voz do coração

Neste segundo domingo de maio e quarto de Páscoa, no qual temos a figura do Bom Pastor, a Igreja nos convida a celebrarmos o 56º Dia Mundial de Oração pelas vocações sacerdotais e religiosas. Como filhos e filhas amados do Pai, colocamos diante do Senhor as nossas mães, as que nos acompanham no caminho da vida, mas também as que nos geraram e já partiram levando no coração a esperança de habitarem para sempre na casa do Pai. Creio que todos nós deveríamos manifestar gratidão, através de gestos e atitudes, para com aquela pessoa que nos trouxe à vida, ou assumiu esse papel fundamental de “mãe”, do cuidar da vida, por amor ao ser humano.

A dignidade da mulher e o dom da maternidade, consagrado por Deus nas Sagradas Escrituras, nem sempre foi entendido como um bem a ser tutelado na família, na comunidade e na história da humanidade. A mentalidade, muitas vezes perversa, que ainda persiste em muitas realidades sociais, de que a mulher não tem direito à dignidade de vida, tem reflexos na vida pessoal, familiar e social das comunidades e na sociedade em geral. O sofrimento estampado no rosto de muitas mães esconde, através de um “silêncio” forçado, a dor que fere de morte seu coração, sua liberdade e sua dignidade de mulher e mãe.

Penso que dentro da caminhada vocacional ou da escolha de vida de todo jovem há sempre a preocupação, a oração e o coração de uma mãe. Creio que diante das incertezas na hora do discernimento e da escolha, devemos lembrar e olhar para Maria, que acolheu o “Verbo”, Jesus, para a vida. “Na história daquela jovem, a vocação também foi uma promessa e, simultaneamente, um risco. A sua missão não foi fácil, mas Ela não permitiu que o medo A vencesse. O d’Ela «foi o “sim” de quem quer comprometer-se e arriscar, de quem quer apostar tudo, sem ter outra garantia para além da certeza de saber que é portadora duma promessa. Maria teve, sem dúvida, uma missão difícil, mas as dificuldades não foram motivo para dizer “não” (Vigília com os jovens, Panamá, 26/I/2019).

Neste Dia, unimo-nos em oração pedindo ao Senhor pelas nossas mães, mas também que nos faça ouvir, discernir e descobrir o seu projeto de amor para a nossa vida, e que nos dê a coragem de arriscar no caminho que Ele, desde sempre, pensou para nós. Parabéns e gratidão a todas as mães.

+ Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Erexim