Discípulos da Palavra
“Escutai o que ele diz!” é a orientação que Pedro, Tiago e João recebem no alto da montanha depois de experimentarem para onde Jesus os estava levando. A liturgia dominical revela um Deus que é aliado dos homens (Gênesis 15, 5-18), revela a identidade de Jesus Salvador através da sua transfiguração (Lucas 9,28-36) e revela o cristão transformado pelo Senhor (Filipenses 3,17,4,1).
A Campanha da Fraternidade com o tema “Fraternidade e Educação” indica que o ser humano é um ser necessitado de educação. Ela transforma a pessoa, desenvolvendo as habilidades e capacitando para vida. Um processo constante e contínuo que inicia no primeiro momento da vida até a morte. A educação acontece na cooperação de várias instâncias começando pela família, a escola, a Igreja e a sociedade em suas mais diferentes instituições.
Os cristãos têm em Jesus Cristo o mestre e educador por excelência. Ele também ajuda a fazer o discernimento de como educar, a ver com profundidade a complexa tarefa educativa, além de apontar metodologias educativas. A terceira parte do texto base da Campanha da Fraternidade (nº 139-154) faz compreender melhor o Cristo Mestre.
O Evangelho revela que Jesus atraía pessoas, grupos e a multidão pelo seu modo de ensinar. Essencialmente se ocupava de três atividades: anunciar, ensinar e curar, sendo que as duas primeiras ocupavam a maior parte do seu tempo. Os discípulos e outros, que não o seguiam, reconheciam Jesus como Mestre. Os seus ensinamentos demonstram que conhecia muito bem as Escrituras e também toda a tradição oral, pois frequentemente faz citações ou alusões a elas.
Usava uma diversidade de linguagens e formas literárias: “nas parábolas que narrava, Jesus apresentava metáforas, comparações, provérbios, contrastes, enigmas, paradoxos, similitudes, todas com o objetivo mudar as concepções, provocar uma autorreflexão sem desafiar as pessoas diretamente.(…) Buscava, assim, criar condições para despertar nos corações das pessoas o desejo de apreender, sobretudo as verdades mais importantes para vida eterna” (n. 148).
Os ouvintes reconhecem que Jesus ensinava com autoridade. “Sua autoridade vem do profundo conhecimento daquilo que diz e de sua prática de vida. Ressalte-se aqui o valor do testemunho de vida pessoal e a coerência de quem ensina” (n. 149). Demonstra que tinha autoridade de conhecimento, como tinha autoridade moral. O seu agir confirmava os argumentos teóricos e vice-versa.
Seu ensinamento não se limitava aos ambientes formais. Não perdia oportunidade de ensinar, pois qualquer ambiente e situação é propícia de ensino e aprendizagem. “Sua pedagogia consiste em ensinar levando em consideração toda a realidade que cerca as pessoas com as quais se encontra. Ele respeita o tempo, a experiência, a mentalidade, as concepções que as pessoas tinham. Ele é paciente no ato de ensinar, demonstra interesse por aquilo que o outro traz para o diálogo, sabe escutar e apontar caminhos (João 4,7-26) (n 150).
Escutar o que Jesus Mestre tem a dizer é uma oportunidade ímpar. Seus ensinamentos constroem novas relação fraternas fundamentadas no amor, no diálogo. “Ele (Jesus Cristo) transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas” (Filipenses 3, 21).
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo