Espírito de Discernimento
Celebramos o 6º Domingo da Páscoa e nele somos convidados a mergulhar mais uma vez no ensinamento de Jesus para a vivência do Amor e para dar sentido à vida de Comunidade, guiados pelo Espírito Prometido, o qual nos auxilia na abertura ao diálogo, e no discernimento das melhores soluções ante os desafios que se os aparecem na ação evangelizadora.
Antes da reflexão da Palavra de Deus, quero exortar a todos que, tendo superado a grande crise sanitária da pandemia do Coronavírus, embora tenhamos que manter ainda alguns cuidados, é hora de voltar a participar presencialmente de nossas celebrações comunitárias, valorizando o Domingo como “Dia do Senhor”. Nada substitui a missa ou a celebração dominical presencial, a não ser em caso de reais impossibilidades de no deslocamento até nossas igrejas. É na comunidade que aprendemos a renovar nossa fé e nosso espírito fraterno. É na comunidade que somos alimentados pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, sinais da presença de Jesus Cristo Ressuscitado que nos leva à comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs.
Na Primeira Leitura dos Atos dos Apóstolos, vemos a Igreja em expansão, e, devido a isso, no enfrentamento dos primeiros desafios impostos à evangelização. Entre eles está o processo de aceitação e entrada dos pagãos ao cristianismo, segundo uma questão polêmica: Deve-se impor também a eles a lei de Moisés? Precisa ser hebreu para se tornar cristão? A Salvação vem pela “circuncisão” e pela observância da Lei de Moisés ou única e exclusivamente por Cristo? Desta forma, os Apóstolos reunidos em Assembleia Conciliar, chamado Concílio de Jerusalém, realizado por volta do ano 49, reagem com discernimento e, dóceis à vontade do Espírito, apresentam a solução do problema, a saber: “Decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além do indispensável… (At 15,28)”. Assim, os Apóstolos resolveram o conflito com o diálogo e abertura às moções do Espírito Santo. Eis um grande ensinamento que a Igreja nascente, reunida em Assembleia em Jerusalém, se nos apresenta: é preciso enfrentar os desafios e resolver os problemas sempre com espírito de discernimento, conjugado à escuta e ao diálogo.
A Leitura do Apocalipse de São João propõe um olhar para a direção final da vida, ou seja, a construção da “Jerusalém Celeste”, baseada na comunhão com Deus, na vivência fraterna e na busca da vida plena para todos. A “Nova Jerusalém” é um lugar de proteção e felicidade plena, onde viveremos a vida definitiva no seio da Trindade.
O Evangelho nos convida a abrir o coração para a ação do Espírito Santo que será enviado à Igreja. Recorda Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada […] Mas, o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito” (Jo 14, 23.26). Jesus anuncia sua partida aos apóstolos, mas garante o envio do Espírito Santo que ensinará e ajudará a recordar a sua proposta. É o Espírito Santo que guiará a Igreja e manterá a comunhão com Ele, reafirmando sua promessa de ser presença na vida de todos, até os confins do mundo (cf. Mt 28,16-20).
Caríssimos irmãos e irmãs. Todos os problemas que surgem em nossa vida, seja no campo pessoal ou comunitário, precisam ser refletidos para se chegar a uma decisão de como resolvê-los. É verdade também que nem sempre encontramos respostas. Por isso, aprendemos a lição de que, para viver a comunhão com projeto de Jesus, na esperança de uma vida plena para todos, precisamos estar abertos à ação do Espírito Santo que nos oferece sempre o justo discernimento. Peçamos a graça de viver com a sabedoria e as luzes do Espírito Santo Prometido por Jesus, o qual derrama sobre nós a abundância de seus dons.
Que Maria, Mãe de Jesus, a quem recordamos com carinho especial neste mês de maio, ajude-nos a estarmos, como ela, abertos sempre ao Projeto de Deus; e, assim sejamos fortalecidos na fé, na esperança e na prática do amor. Amém!
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim