Eucaristia, o Corpo e Sangue de Cristo
No dia do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, celebramos de maneira tão visível, com muitos gestos e símbolos, o dom da Eucaristia para a Igreja e para o mundo. Sempre, também, o dom da caridade, junto com a oração e o compromisso. O tempo da pandemia do COVID 19 trouxe uma exceção no caminho da Igreja. Muito se insistiu na necessidade dos católicos acompanharem em suas casas, com suas famílias, na “Igreja doméstica”. Também pedimos que houvesse na casa sinais visíveis desta ligação entre a celebração na igreja e o fiel, como um sinal da comunhão com a Paróquia, Bíblia, uma imagem da Virgem Maria e o terço. Falamos muito da necessidade de acompanhar as transmissões das redes da sua paróquia, da sua comunidade cristã.Com recolhimento, acompanhamento e postura própria de quem dedica este momento, exclusivamente, para a eucaristia, no seu “santuário familiar”. Ajuda-nos muito os meios de comunicação, graças a Deus, e a Pastoral da Comunicação. As celebrações transmitidas, graças a Deus, sobretudo para os doentes, os idosos e aqueles que não têm condições de participar da missa da comunidade, estão sempre presentes. Porém, imaginamos o desejo ardente de poder participar integralmente da comunidade e de sua expressão visível, a celebração eucarística. Lembro, sobretudo, Jesus, que ao se aproximar seu dia de partir para o Pai expressou aos discípulos: “Desejei ardentemente celebrar convosco esta Páscoa com vocês” (Lc22,14).
Embora a eucaristia não seja a única expressão da vida eclesial, contudo, é seu centro e ápice (cf. LG 10). “Na Eucaristia, atingem o seu clímax a ação santificante de Deus para conosco e o nosso culto para com ele. […] A comunhão da vida divina e a unidade do Povo de Deus são expressas e realizadas pela Eucaristia” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 274). De fato, é a maior expressão da vida da Igreja católica: não existe catolicismo sem celebração eucarística. Também, todo o caminho do seguimento de Cristo, nossa vida espiritual, converge para a celebração do Mistério Pascal, que em si sintetiza tudo o que cremos. Nela, também, a comunidade se constrói constantemente. Ela produz, pela configuração a Cristo e Cristo conosco, a família dos filhos de Deus, unidos nele. A dinâmica cristã é da vida para a Eucaristia e da Eucaristia, missionariamente, para a vida. “A comunhão de vida com Deus e a unidade do povo de Deus, pelas quais a Igreja é ela mesma, a Eucaristia as significa e as realiza” (CIC 1325).
Quando a pastoral da Igreja não consegue celebrar a Eucaristia, faltará algo importante, e tudo tende para a celebração do memorial do Mistério Pascal de Cristo. Em nossa Diocese e país, não é possível ter celebração eucarística todos os domingos. A celebração da Palavra, conhecida como culto dominical, presidida pelos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística e dos diáconos, não é a mesma realidade da Eucaristia, mas tende para ela e é sinal deste mistério para a comunidade reunida. Louvamos a Deus pelo nobre ministério destes leigos e leigas, que reunindo a comunidade e celebrando com eles, conduzem a Cristo pela sua Palavra e pela distribuição da Eucaristia. Em Cristo é o elo de comunhão da comunidade reunida.
Enfim, sabemos o quanto ter vínculo com uma comunidade é significativo. Não se trata de uma grande construção, uma catedral. Falamos de pessoas, da vida de amizade e da vida divina que as une, em Cristo. Nela, a celebração dominical, sobretudo a Eucaristia, é lugar de celebração da vida, seja das alegrias, das comemorações da vida e, também, dos momentos de sofrimento. Repitamos mais uma vez, com renovada convicção: esta é a minha comunidade. Nela eu vivo minha fé.
Dom Adelar Baruffi – Bispo Diocesano de Cruz Alta