Evangelizar, a partir de Jesus Cristo, na força do Espírito Santo
Dom Aparecido Donizeti de Souza – Bispo auxiliar de Porto Alegre
Tenhamos presente o mandato de Jesus Cristo aos seus discípulos pouco antes de voltar para junto do Pai: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28,19-20). É a partir desse mandato que podemos compreender o objetivo das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, quando nos convoca a evangelizar, a partir de Jesus Cristo, na força do Espírito Santo (cf. Doc. Cnbb, 102).
Cristo será sempre o centro e a grande referência para a nossa vida cristã. É n’Ele e a partir d’Ele que vamos construindo nossa história pessoal, familiar, comunitária e social. Foi Ele mesmo quem disse: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5s). Isso supõe de nossa parte uma profunda intimidade com o Senhor vivida na oração pessoal e comunitária.
É a partir dessa intimidade que vai acontecendo em nós o verdadeiro discipulado e também a compreensão de que evangelizar é nosso dever. Por isso, devemos entender que o ser missionário não é questão de querer ou não, mas de identidade. Somos discípulos do Senhor e por isso temos que evangelizar. Dizia o apóstolo Paulo: “Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9, 16).
Outra questão fundamental que devemos ter presente é a exigência de estarmos vivendo sempre em comunidade. Não existe verdadeiro discípulo do Senhor e muito menos missionário desvinculado da vida em comunidade. Assim nos diz as Diretrizes atuais da ação evangelizadora: “ser verdadeiro discípulo missionário exige o vínculo efetivo e afetivo com a comunidade dos que descobriram fascínio pelo mesmo Senhor” (DGAE nº13). Só vivendo em comunidade poderemos dar o verdadeiro testemunho que o Senhor nos pede.
Sabemos que tudo isso é muito exigente, sobretudo neste mundo em que vivemos, tão secularizado, onde o individualismo impera e a ganância por bens materiais move muitos corações. Insensibilidade, indiferença, viver centrado em si mesmo é uma tendência na cultura atual. Mas, como discípulos missionários, devemos buscar viver com o outro, mesmo que seja bem diferente de nós. E, além de viver com o outro, é necessário, sobretudo, vivermos para o outro. É o que o Senhor Jesus nos ensinou com a própria vida. Da mesma forma que ele viveu para o Pai e se entregou pela salvação da humanidade, assim também devemos fazer.
O que nos consola, dá esperança e confiança é saber que Ele nos deu o Espírito Santo. Disse Jesus: “Recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas” (At 1,8). É esse Espírito que nos mantem firmes, perseverantes na caminhada. Sem Ele jamais poderíamos corresponder ao chamado do Senhor e sermos testemunhas de seu amor onde quer que estejamos.
Recordo o que nos diz o Papa Francisco: “Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo. A alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém” (EG. nº 23).