Filhos de Deus
No centro da nossa fé, descobrimos um amor divino que nos ergue para além do que a mente pode conceber. São João, com admiração, proclama na 2ª Leitura deste Domingo: “Vede que admirável amor o Pai nos consagrou, em que nos chamemos filhos de Deus e nós o somos de fato” (1 João 3:1-2).
O simples ato de nos dirigirmos a Deus como “Pai-nosso” já seria extraordinário, demonstrando nossa confiança nele. Contudo, a grandiosidade da realidade supera qualquer expectativa terrena. Somos verdadeiramente filhos de Deus. Através do batismo, recebemos a graça e nos tornamos participantes da natureza divina (2 Pedro 1:4).
Unidos a Jesus, o Filho Unigênito, formamos um só corpo, seu Corpo Místico (1 Coríntios 12:27), e assim nos tornamos herdeiros de Deus, compartilhando de sua infinita felicidade.
O Espírito Santo habita em nossos corações, ensinando-nos a nos relacionarmos com nosso Pai Celestial, a chamá-lo com a familiaridade dos pequeninos: “Abá, Pai” (Gálatas 4:5-7).
Ser cristão é assimilar essa realidade, viver como filhos amados desse Pai maravilhoso, que atenta para os mínimos detalhes de nossas vidas (Mateus 10:30). Seu amor por nós é comparado ao amor materno mais profundo (Isaías 49:15), e as mães, em seu cuidado e ternura, refletem o amor divino por cada um de nós.
Viver como cristão é imitar Jesus, nosso irmão mais velho, cumprindo fielmente a vontade do Pai (João 5:30). É falar com Deus com a simplicidade e confiança de uma criança, buscando-o em todas as circunstâncias da vida e reconhecendo nossas falhas com humildade e arrependimento.
É preciso sempre reconhecermos nossa filiação divina, a graça de sermos verdadeiros filhos de Deus mediante Jesus ressuscitado.
Jesus se revela como o Bom Pastor, que conhece suas ovelhas, guia-as e as alimenta espiritualmente, como nos ensina o Evangelho de hoje. (João 10:14). Devemos segui-lo de perto, imitando sua vida e preocupando-nos não apenas com nossa própria salvação, mas com a de todos ao nosso redor (Lucas 15:4-7).
Todos somos chamados a colaborar na obra do Senhor, intercedendo pelas vocações de especial consagração e trabalhando incansavelmente para espalhar a Boa Nova a todos os cantos do mundo (Lucas 10:2).
E que possamos, “cheios do Espírito Santo”, assim como ouvimos São Pedro na 1a Leitura (Atos 4,8-120, ser instrumentos nas mãos de Deus para levar sua luz e amor a todos os povos.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen