Jesus e o Reino
Neste Domingo, o 3º do Tempo Comum B, vamos ouvir a Jesus, no Santo Evangelho, falar-nos do Reino de Deus (Marcos 1,14-20).
Jesus nunca ofereceu uma definição teórica sobre o que seria este Reino de Deus. Ele sempre usou imagens figurativas, baseando-se na experiência prática dos seus ouvintes, que eram agricultores, pescadores, artesãos etc. Para Jesus, o Reino de Deus é, antes de tudo uma realidade querida e preparada por Deus, um grande plano de amor e de salvação para toda a humanidade.
Jesus anuncia, com a sua vinda, que este Reino de Deus já está presente. Ele vem inaugurar este Reino, torna-lo já uma realidade entre os homens, um plano de Deus que já está se realizando, de forma prática.
Foi com este anúncio que Jesus inaugurou sua Missão de salvação, nesta terra: “Cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”.
Com este anúncio comprometedor, Nosso Senhor nos ensina muitas coisas.
Primeiro, que Deus cumpriu a sua Promessa de salvação da humanidade, Promessa essa efetuada imediatamente após o 1º pecado, no Paraíso. Portanto, Deus é fiel à sua Palavra. Nunca temos o direito de duvidar das Promessas de Deus.
Depois, também aprendemos que este Reino anunciado no Antigo Testamento se torna realidade, mas ainda não em toda a sua plenitude. Neste mundo, temos como que uma forma ainda não totalmente completa da implantação deste Reino. Não será aqui, nesta terra, a plenitude do Reino de Deus. Somente no céu é que este Reino se implantará em sua totalidade.
Também o anúncio de Jesus, do Reino de Deus já presente neste mundo, traz uma consequência moral: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”. Ou seja, há uma exigência para quem quiser fazer parte deste Reino: o colocar-se em um processo de conversão, fundamentando-se no anúncio da Boa Nova que Jesus veio trazer. Não nos esqueçamos da 1ª Leitura deste Domingo (Jonas 3,1-5.10), “vendo Deus as suas obras de conversão e que os ninivitas se afastavam do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal que tinha ameaçado fazer-lhes, e não o fez”. São palavras como que um sinal antecipado do anúncio da conversão realizado por Jesus. A exigência da conversão está na raiz do anúncio de Salvação que Jesus faz.
Finalmente, o anúncio do Reino já presente entre nós é um convite de Jesus para que recebamos com alegria este Reino, o que significa dizer, que acolhamos em nossa vida prática a Boa Nova de Jesus, a sua pessoa e o seu ensinamento. Esta deve ser a nossa preocupação primordial neste mundo: buscar viver a vida de Jesus.
Nosso Senhor, assim como chamou seus primeiros apóstolos, os preparou para a missão de divulgar e ajudar a implantar com esforços sobrenatural e humano o seu Reino, e os enviou para cumprirem esta missão. Hoje chama a nós, cristãos do mundo atual, para a mesma missão.
Como nos diz São Paulo na 2ª Leitura (1Cor 7,29-31) “Eu digo, irmãos: o tempo está abreviado”. O que quer dizer que hoje cabe a nós espalhar ao nosso redor este Reino, através de uma atitude missionária amorosa, que se preocupa com aqueles que ou ainda não receberam este anúncio, ou já o tendo recebido, dele se esqueceram. Cada um é chamado de acordo com o estado de vida que Deus lhe pede viver (leigo, consagrado, sacerdote) e de acordo com os talentos que Deus lhe deu, a espalhar este Reino no mundo. Assim omo os apóstolos, respondemos de forma rápida, generosa e eficiente? É hora de nos perguntar o que de fato fazemos pelo Reino de Deus.
Dom Antônio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen