Jesus, o Bom Pastor

Uma das imagens mais significativas para nós e que expressam melhor o cuidado que Jesus tem para conosco é a imagem do Bom Pastor. Especialmente nós que temos a graça de viver em um mundo marcadamente rural, somos atraídos para esta representação de Jesus, que cuida com carinho das ovelhas que somos nós.

Mas em que sentido devemos entender este pastoreio de Cristo? É o que a Liturgia deste Domingo procura esclarecer.

Antes de tudo, é preciso entender o que a Sagrada Escritura quer nos fazer entender quando usa esta imagem do Bom Pastor. No Antigo Testamento ele é apresentado como um homem forte, dedicado a suas ovelhas, que vive próximo delas e por elas se interessa e sacrifica. Cuida delas com autoridade e amor.

Este modelo de pastoreio, infelizmente não foi comum em relação ao povo de Israel. Em sua história, surgiram muitos maus pastores, preocupados em apascentar-se a si mesmos, esquecidos de Deus e da Missão que dele tinham recebido. Consequentemente, as ovelhas foram abandonadas à sua própria sorte. Desgarram-se e dispersaram-se.

A Promessa de Deus contida na 1a Leitura (Jeremias 23,1-6), fala de um pastor segundo o coração de Deus, que virá para as ovelhas perdidas da casa de Israel. Ele será um descendente de Davi e restaurará as ovelhas na santidade e na felicidade.

Da mesma forma, o Salmo Responsorial (Salmo 22) refere-se a este novo tempo prometido por Deus.

Na 2a Leitura deste Domingo (Efésios 2,13-18) o Apóstolo São Paulo apresenta Cristo como nossa Paz. Em Jesus Crucificado, Deus restaurou a amizade com os homens, anulando toda a inimizade e divisão existentes entre a humanidade e Deus, a todos inserindo no âmbito da Redenção, formando um novo povo: toda a humanidade é convidada a participar desta cidadania que tem seu ápice no céu.

No Evangelho (Marcos 6,30-34) o evangelista quer nos ajudar a entender “quem é Jesus”. É um questionamento que todos precisamos fazer, e a resposta a esta pergunta não pode ser uma simples resposta conceitual, teórica. Saber quem de fato é Jesus deve levar a uma nova atitude diante do nosso existir humano. Mais do que responder e apresentar a Jesus como Bom Pastor, São Marcos quer nos ensinar que Jesus é aquele que “quer estar a sós com os seus”. É neste sentido que se entende o desejo de Jesus de retirar-se com os seus apóstolos a um lugar mais tranquilo. Sem abandonar a multidão, que precisa de bons pastores que a conduzam, Nosso Senhor debruça-se sobre seus apóstolos, para que aprendam dele também o que significa ser bons pastores de ovelhas. É na Eucaristia que Jesus hoje nos dá força e coragem em nosso caminhar pelo mundo.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen