Não tenhais medo! (cf. Mt 1,20)
Um “sentimento de grande inquietação diante de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça, susto, pavor, temor, terror”, é a definição de medo do dicionário Aurélio. O medo faz a pessoa tomar providências de defesa diante de perigos para a preservação da sua vida. Vivemos em tempos de pandemia onde existe uma ameaça real, um vírus que pode levar à morte e deixar sequelas, diante do qual medidas protetivas são indispensáveis.
Mas o sentimento do medo também pode ser imaginário. Induz a pessoa a tomar medidas erradas, ficar paralisada, esconder-se e perder a alegria de viver. Os encontros de preparação para o Natal 2021, elaborados pelo Regional Sul 3 da CNBB, convidam para não termos medo da presença de Deus, de crer nele e abraçar o que nos propõe. Não tenhais medo!
Os relatos bíblicos do nascimento de Jesus registram sentimentos de medo de José, Maria e dos pastores. A todos Deus diz, por intermédio dos anjos, não tenham medo. Tudo que estava acontecendo não era uma ameaça, um perigo real de morte, muito pelo contrário estava começando um tempo de graça, um tempo onde a presença de Deus ficaria mais visível e palpável.
No Ano de São José os encontros de preparação para o Natal salientam a presença de José. O evangelista Mateus registra que José se encontrou diante de duas situações difíceis: a gravidez de Maria e a decisão de Herodes de matar as crianças de Belém. José não sabe o que fazer, mas está aberto à vontade de Deus. Em sonho lhe é revelado que a gravidez de Maria não era uma ameaça. Ela não era adúltera e nem traidora. A gravidez de Maria era projeto de Deus com qual Maria estava colaborando. Se Herodes tinha um plano para matar, Deus tem um plano de defender a vida. Deus é mais forte que Herodes. Ajuda José a tomar a decisão para fugir ao Egito.
Maria ficou com medo ao ser visitada pelo Arcanjo Gabriel. Logo foi convencida que o sentimento de medo era ilusório. Estava começando uma história que mudaria sua vida e de toda humanidade. Aquela jovem de Nazaré seria proclamada bendita entre as mulheres e todas as gerações a reconheceriam como bem-aventurada.
Os pastores que estavam vigiando seus rebanhos ficaram assustados com a luz que os envolveu e um anjo falando. Foi-lhes anunciado que havia nascido um menino. Um recém-nascido não assusta ninguém, mesmo que fosse o Salvador desejado. Do menino não precisavam ter medo, por isso foram convidados para visitá-lo.
A Igreja anuncia ao mundo a boa notícia do Natal. Ela faz o anúncio principalmente pela liturgia eucarística. Os textos bíblicos lidos no Advento progressivamente vão recordando o desejo que o Povo de Deus cultivava pela vinda do Messias. Na medida que se aproxima o Natal aparecem Maria e José colaborando para a realização do sonho do povo.
Fazer encontros de Natal em família, ou na vizinhança, ou no ambiente de trabalho, etc. proporcionada contagiar o ambiente com a presença do menino Jesus. Cria-se um clima de confiança e alegria e, com isso, o medo vai se dissipando. Para tal, o subsídio de Natal do Regional Sul 3 da CNBB, pode ser muito útil. É importante montar o presépio que é um grande sinal do Natal e enfeitar a casa e os ambientes de trabalho com símbolos natalinos.
“O anjo então lhes disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lucas 2,10-11)
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo