O Bom Pastor
“Eu sou o Bom Pastor”. É assim que Jesus se auto revela. Ele se define como bom Pastor, excluindo e contrapondo-se a todos os demais. É o Pastor verdadeiro, autêntico, modelo e único. (Atos 4,8-12, Salmo 117, 1 Jo 3,1-2 e Jo 10,11-18). O mundo antigo está repleto de pastores: pastores de profissão que cuidavam ovelhas, cabritos para o seu sustento e da família; pastores também eram denominados os chefes, reis, sacerdotes. Temos dificuldade de compreender hoje o modo de vida dos pastores de profissão e o comportamento das ovelhas, mas a relação que Jesus faz com os líderes e quem exerce funções de chefia é compreensível.
Jesus diz que é diferente do mercenário. Compreende-se por mercenário o soldado profissional que serve qualquer governo ou entidade que lhe pague; alguém que trabalha e serve apenas por dinheiro; que é movido apenas pelo interesse pessoal e material. Jesus aponta duas razões que o diferenciam do mercenário. Em primeiro lugar “dá vida por suas ovelhas”, enquanto que o mercenário “abandona as ovelhas”. A sexta-feira da Paixão e Morte celebra a doação da vida do Bom Pastor pelas ovelhas. Este é o maior aval do pastoreio de Cristo. É também a máxima diferença e contraste: o Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas, o mercenário nem sequer se expõe, foge diante de qualquer perigo.
A segunda diferença com o mercenário é que o Bom Pastor “conhece as ovelhas, e elas o conhecem”. Recordando que no contexto bíblico “conhecer” não se reduz ou fica somente no plano intelectual ou conceitual. É um conhecimento que cria comunhão de vida, relação pessoal, ativa, amorosa, compaixão. Os relatos do Evangelho testemunham o envolvimento de Jesus nas mais variadas situações vitais. Por exemplo, se comove com a viúva de Naim que está indo enterrar o filho único. A primeira carta de João revela que o conhecer cria um vínculo vital de “sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” O conhecimento se completará na eternidade. “Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”.
Jesus sempre fala para todos os ouvintes, pois ele é o Pastor de todos. Mas quando ele se compara com os mercenários foca a atenção aos que exercem a função de liderança, em primeiro lugar aos líderes religiosos. O rebanho do Senhor vive no mundo por isso a palavra se dirige, e é válida, para todas as lideranças.
O 4º Domingo da Páscoa é o “Dia Mundial de oração pelas vocações”. A mensagem do Papa Francisco tem por título: “Chamados a semear a esperança e a construir a paz”. A oração é para a todas as vocações existentes na Igreja. A mensagem diz que “este Dia é dedicado de modo particular à oração para implorar do Pai o dom de santas vocações para a edificação do seu Reino: “Rogai ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe” (Lc 10,2)”. Pede-se, portanto, uma oração particular pelos que receberam o Sacramento da Ordem e por vocacionados para este Sacramento.
O ensinamento de Jesus desperta em nós uma alegria muito grande de pertencermos ao povo de Deus conduzido por Cristo, O Bom Pastor. Somos conhecidos e amados por Ele. Somos provocados a não traí-lo. Jesus oferece um sinal de reconhecimento para sabermos se estamos no seu rebanho: “Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem […] elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor”.
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo