O domingo da Divina Misericórdia
Este é o segundo domingo da Páscoa. É o domingo em que o evangelho simplesmente diz: “Oito dias depois, o Senhor apareceu de novo”… É o domingo da divina misericórdia, em que o Senhor ressuscitado perdoa ao pobre Tomé, que se reconhece pecador, por não ter acreditado na ressurreição.
Foi o Papa João Paulo II, eleito a 16 de outubro de 1978, o Papa que veio de longe, com a experiência de uma convivência terrível com o comunismo, que trabalhou 27 anos na aplicação do Concílio e na publicação de livros indispensáveis, como o novo Código de Direito Canônico (1983) e o Catecismo da Igreja Católica (1992). Este Papa santo deu muito destaque às experiências místicas em torno da Divina Misericórdia. Em toda a parte, criaram-se grupos de espiritualidade que rezam e meditam diante deste tema da misericórdia e do perdão. Papa Francisco chegou ao Ano da Misericórdia em 2017.
Enquanto isso, a liturgia deste domingo nos apresenta o ideal dos primeiros cristãos: “Eles eram perseverantes no ensino dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2,42). A caridade fraterna fazia parte do quotidiano das comunidades primitivas. Repartiam tudo entre si, não havia necessitado entre eles. E os outros, olhavam para eles e diziam: “Vede como eles se amam”.
Até mesmo um Imperador, claramente perseguidor de cristãos, era Juliano, no poder de 362 até 366, falava da filantropia dos seguidores de Jesus e dizia: “Vamos ver até quando vai durar este espírito de filantropia?” Ao longo dos séculos, vemos belíssimos exemplos de cristãos envolvidos na promoção humana e dando testemunho de uma autêntica caridade que brota do Evangelho.
Na liturgia deste domingo, cai aos nossos olhos a cena do Tomé, em que o Cristo Ressuscitado aparece pela segunda vez. Precisamente oito dias depois da Páscoa, Ele chama o Tomé, que ao se aproximar cai por terra, fazendo esta grande oração: “Meu Senhor e meu Deus”. Ali está dito tudo. Ele é o Senhor e Ele é o nosso Deus.
Se nós pudéssemos repetir esta pequena oração todos os dias, pensando no significado destas palavras, estaríamos sempre com aquele que é de verdade o Senhor de nossa vida e de nossa caminhada na terra. Ele é o nosso Deus!
+ Zeno Hastenteufel – Bispo Diocesano de Novo Hamburgo