O lenhador e a morte

Conta-se que um pobre homem, já de idade, ganhava o seu pão de cada dia, indo às matas buscar lenha, que trazia ao povoado. Colocava a lenha na cabeça ou sobre os ombros para vender. Dessa forma ganhava o seu dinheirinho.

Mas vivia reclamando os achaques da velhice:

– Não aguento mais! Que vida difícil! Meu Deus, que vida! Ó morte, por que não vem me buscar?

De tanto chamar pela morte, um dia em que tentava por ao ombro um pesado feixe de lenha, gritou mais uma vez:

– Ó morte, por que não vem me buscar?

Por incrível que pareça, a morte apareceu, de foice e tudo. O homem levou um susto tão grande que o feixe de lenha, já no ombro, caiu todo no chão com estardalhaço.

A morte insistiu:

– Você me chamou?

Tremendo de medo e de susto, o pobre homem falou com humildade:

– Sim, Dona Morte, eu a chamei para ajudar-me a colocar este pesado feixe de lenha no ombro!

A morte, sorrindo (dizem que ela sempre sorri, pois tem os dentes à mostra), avisou-o:

– Da próxima vez que me chamar, virei para valer e para levá-lo comigo!…

O homem, todo envergonhado, nunca mais reclamou da vida!…

Moral da história: Valorize sua vida, apesar das inúmeras dificuldades. Ela é única e é um presente imenso de Deus. O segredo da vida consiste em amá-la.

As dificuldades, por maiores que sejam, nunca podem nos esmagar, levar ao pessimismo e tirar nossa alegria de viver. Antes, pelo contrário, são estímulos para viver por amor, servir e abraçar as cruzes por amor.

O povo gosta de cantar, nos encontros e romarias, o refrão que valoriza a vida:

– “Vida, eu te quero! Vida, eu te quero! Vida, és tu meu Deus!”

Quem ama a vida, vive bem e pode ter longa vida.

Dom Hélio Adelar Rubert – Arcebispo de Santa Maria