O Pão da Vida!

Estimados irmãos e irmãs em Jesus Cristo. No próximo dia 3 de junho, celebraremos na Igreja, comunidade de fé, a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Tendo presente que a Eucaristia é para a Igreja a garantia da ligação com o seu Senhor. Na verdade, a partir do Pentecostes, ela não cessa de celebrar a Eucaristia até o dia do seu ingresso no banquete do Reino. Existe uma profunda ligação entre a contemplação do Deus amor e o Cristo presente no sacramento. A Eucaristia é, na verdade, o meio – sacramento – através do qual a vida de Deus é derramada na nossa própria vida, a ponto de fazer da Igreja o corpo de Cristo, por meio do seu corpo místico. Como diz Efrém, o Sírio: “O fogo e o Espírito estão no nosso batismo, mas também no cálice estão o fogo e o Espírito”.

Quando a Igreja convida a nos colocarmos numa relação particular com o mistério da Eucaristia, o faz na esperança de que cada batizado possa ter a graça de alimentar a sua vida espiritual, a sua fé, a sua proximidade com o Senhor Jesus, tomando consciência e retificando o caminho de uma vida errônea diante deste dão que nutre e fortifica a vida de todo batizado. Mas quantas vezes corremos o risco de esquecer, ou por fraqueza na fé, deixamos de alimentar a nossa comunhão com o Senhor, com o Pão da Vida, como nos recordam as fortes palavras de Santo Agostinho: “O mistério que vós sois está nas vossas mãos”.

A Eucaristia é o lugar onde aprendemos a viver como Cristo, doando a vida e amando até o fim (cf. Mc 14,13;15 – Jo 13,1). Através da Eucaristia, o mesmo Deus – em Cristo Jesus – se coloca em nossas mãos, entra no nosso corpo para que possa assemelhar-se ao seu e fazer-se uma só coisa com todos os irmãos e irmãs. Na verdade, comungar com o Cristo ressuscitado significa acolher dentro de nós uma semente de vida incorruptível, que deseja encontrar na nossa vida o terreno bom e fértil no qual produzir frutos em abundância.

A semente da ressurreição, colocada dentro do nosso corpo, quer ser em nós semente de “imortalidade”, como escreveu Santo Inácio de Antioquia, e isto “em virtude do próprio sangue” (Eb 9,12). Este fermento fará a sua obra somente quando a nossa vida será uma vida de ressuscitados, ou seja, marcada pela mesma lógica do Cristo: a auto-doação, o dom total de si, o deixar-se tomar na forma de um alimento e de uma bebida. Comer e olhar para ser absorvido e absorver uma presença do Mistério que nos transforma, em comunhão com todos os irmãos e irmãs, no mesmo corpo de Cristo, no caminho rumo à unidade. Um Deus que aceita de ser colocado nas nossas mãos, não deixa de esperar de nós a mesma coisa, que tenhamos a confiança de nos colocarmos e nos abandonarmos nas mãos de um Pai misericordioso, que acolhe num abraço de ternura e compaixão os seus filhos e filhas, nas alegrias e prantos, nas derrotas e vitórias da vida.

Por intercessão de Nossa Senhora de Caravaggio, nossa mãe, rainha e padroeira de nossa Diocese, abençoe-vos o Deus todo poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Dom José Gislon, OFMCap. – Presidente do Regional Sul 3 da CNBB