O poder da fé
Na 1a Leitura deste Domingo (Habacuque 1,2-3;2,2-4), o profeta Habacuque reclama com o Senhor, queixando-se de não ser escutado em suas orações e pedidos. Quem sabe este também tem sido o sentimento de tantos cristãos, nos dias atuais. Parece-nos que rezamos e não somos escutados. Mas não é assim. Deus responde ao profeta e a nós: no momento apropriado, Ele atenderá nossas súplicas.
Jamais temos o direito de nos julgar abandonados pelo Senhor. E mais ainda, não podemos nunca abandonar nossas súplicas e pedidos. Hoje, a Promessa de Deus, em Jesus, é a de que Ele nos escuta sempre: «tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá» (João 15, 17). E insistiu: «Pedi e recebereis» (Mateus 7, 7). Não podemos jamais viver sem a oração.
A imagem que melhor retrata a oração, para o cristão, é a da respiração. Rezar, falar com Deus e escutar a Deus tem, para a alma, o mesmo valor que a tem respiração para o corpo. Quem não reza, quem não estabelece este diálogo amoroso com Deus, morre sufocado pelas dificuldades e situações da vida. Tantas famílias se encontram em situações quase que à beira de um precipício, pelo simples fato de que descuidam da oração no lar. Crianças e jovens não chegam a desenvolver hábitos de oração e, por isso, as suas vidas são vazias e, muitas vezes, desorientadas, sem defesas para o ambiente de paganismo à sua volta. Casais enfrentam crises desesperadoras, pois esqueceram-se de tratar seus problemas e dificuldades com o Senhor, na oração.
Na 2a Leitura (2a Timóteo 1,6-8.13-14) o Apóstolo São Paulo lembra a Timóteo o Sacramento da Ordem que recebeu: «Exorto-te a que reanimes o dom de Deus, que recebeste pela imposição das minhas mãos». Nele, Deus dá poderes excelsos aos sacerdotes e a graça para desempenharem a missão que lhes confiou. O sacerdote existe especialmente para a Eucaristia. É preciso rezar pelos sacerdotes, para que sejam fiéis ministros de Cristo, distribuindo a sua Palavra e o Pão da vida a todos os homens. «Deus não deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação», recorda o Apóstolo Paulo ao discípulo Timóteo. Não deixemos nunca de pedir pelos ministros sagrados essa fortaleza para poderem ser profetas de Deus no mundo em que vivemos. O sacerdote é chamado a transmitir fielmente a doutrina de Cristo com todas as suas exigências, resistindo à tentação de fazer descontos ou de calar as verdades que não são populares ou chocam com a mentalidade em voga. É essa doutrina que pode salvar, que pode transformar o mundo, que pode dar sentido à vida dos homens. Quantos sofrimentos trazem aos sacerdotes e aos bispos a fidelidade a Deus. Perseguições, calúnias, agressões são muitas vezes a paga de sua fidelidade em dizer e trabalhar pela verdade.
A fé, de que Nosso Senhor fala no Evangelho (Lucas 17,5-10) fará a transformação do mundo. Ela é a boa nova da salvação, da felicidade. Não tenhamos complexos de inferioridade e de medo. Trabalhemos com entusiasmo e sacrifício na transmissão da doutrina de Cristo em todos os ambientes.
Trabalhemos com fé e fortaleza, cada um no seu lugar, sem dar nas vistas, sem esperar que nos batam palmas e sem ter medo de críticas e incompreensões. Depois de termos feito o nosso trabalho diremos: «Somos servos inúteis. Fizemos o que devíamos fazer».
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen