O que as pessoas pensam de Jesus?

Ainda hoje, assim como nos tempos antigos, há muitas opiniões divergentes sobre Jesus. Muitos o viam e ainda o veem como um grande homem que pregava o amor, a fraternidade, a paz e a justiça. Admiram sua preferência pelos pobres, desfavorecidos, marginalizados e desprezados. Eles o veem como um herói e admiram sua coragem diante do poder estabelecido, sua honestidade e alma nobre, sua dignidade e determinação diante da morte.

Mas, assim como antigamente, no decorrer da história, não o reconhecem como o Messias prometido, pois para muitos, Ele ainda é alguém que oferece uma simples mensagem de bem-estar terreno, comparado aos estadistas, às lideranças humanas, com soluções simplesmente sociais e econômicas que regulariam a vida do mundo e proporcionariam melhores condições de vida, ou seja, soluções desprovidas das realidades últimas do céu.

O mesmo acontece com as visões de Jesus apresentadas pelos discípulos, quando o Senhor lhes perguntou o que a multidão que o seguia pensava dele. Ele não é o rei de grandes vitórias e glórias, o tão esperado e sonhado Messias com simples soluções humanas e nacionalistas. Jesus é muito mais do que isso. Jesus os surpreendeu com a segunda pergunta: “Quem vocês dizem que eu sou?”. A resposta veio de Pedro. Mas mesmo assim, quando Jesus anuncia a sua paixão e morte, eles ainda não entendem que sua missão é o oposto do que eles pensam. Ele deveria passar pela humilhação. Não a vitória com critérios humanos, mas a derrota, como Jesus explicou mais adiante. Com efeito, em Jesus, Deus mostrou quão poderoso é para transformar os maiores pecados cometidos pela humanidade num amor supremo que, como nos diz a 1a Leitura (Zacarias 12,10-11;13,1), “lava o pecado e a impureza” vencendo a morte.

A segunda pergunta que Jesus fez aos seus discípulos, continua a ser feita a cada um de nós hoje: “Quem vocês dizem que eu sou?”. Eu só penso em Jesus como aquele que faz milagres? A quem devo recorrer em tempos difíceis? Em quem coloco a minha confiança?

Crer em Jesus não significa tão somente reconhecer que tenho fé no conjunto de verdades que aprendi enquanto frequentava o Catecismo. Crer em Jesus é segui-lo, compartilhar seu próprio destino e fazer-me um com Ele: “Se alguém quer vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia e siga-me”, nos diz Jesus no Evangelho de hoje (Lucas 9,18-24). Ou seja, o Senhor me pediu para não focar minha vida em mim e em meus próprios assuntos, mas ter a coragem de perder minha vida, buscando o bem dos demais; bem como, diariamente lutar para superar as dificuldades, provações e tentações mundanas que se apresentam a cada momento. Para isso, devo tornar minha vida um presente permanente para os outros: em casa, para o marido, a esposa, os filhos, os pais, os avós; no prédio onde moro: para os vizinhos; no trabalho: para entender e ajudar os colegas; na escola: apoiar os necessitados; voluntariar-se para ajudar os mais vulneráveis da sociedade. Enfim, fazer tudo por amor aos outros, esquecer o meu egoísmo e viver para os outros. Como nos diz São Paulo na 2a Leitura (Gálatas 3,26-29), este amor é o sinal que alicerçamos nossa vida em Cristo.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen