O único sentido do Sínodo sobre a Amazônia
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
No próximo mês de outubro acontecerá, em Roma, um Sínodo especial, do qual o tema é “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”. Para o Papa Francisco, “o objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno”.
O que é um Sínodo? A palavra tem origem no grego “syn”, que significa “juntos”, e “hodos”, estrada ou caminho. Trata-se de um evento eclesial, consultivo e não deliberativo. É uma assembleia periódica de bispos de todo o mundo que, presidida pelo Papa, se reúne para tratar de questões concernentes à vida da Igreja. É um lugar eclesial onde se buscam possíveis caminhos coletivos para se decidir sobre algo específico, que requer atenção especial por parte da Igreja. O Sínodo é uma instituição que “presta uma eficaz colaboração ao Romano Pontífice – segundo as modalidades por ele mesmo estabelecidas – nas questões de maior importância, isto é, naquelas que requerem especial erudição e prudência, para o bem de toda a Igreja” (EC, 1). Segundo o Santo Padre, “não é um parlamento onde, para atingir um consenso ou um acordo comum, há negociações, pactos ou compromissos. O único método do Sínodo é abrir-se ao Espírito Santo, com coragem apostólica, humildade evangélica e oração”.
Por que um Sínodo para a Amazônia? A Amazônia possui uma extensão de 7,8 milhões de km². Inclui áreas de nove países. Conta com cerca de 33 milhões de habitantes, 3 milhões dos quais são indígenas pertencentes a 390 grupos ou povos diversos. A Amazônia influencia o ecossistema planetário: a bacia do Rio Amazonas e as florestas tropicais circundantes nutrem o solo e regulam, através da reciclagem da humidade, os ciclos da água, da energia e do carbono a nível planetário.
Diante dos desafios trazidos por aquilo que se cunhou denominar “mudança de época”, a Igreja se sente no dever de encontrar novos caminhos para levar a termo a missão que lhe é própria: evangelizar! Já o conceito de ecologia integral deseja ressaltar a relação existente entre todas as criaturas do planeta na dimensão ambiental, econômico, social, cultural e vida quotidiana.