Pe. Luiz Weber, missionário em Moçambique, fala sobre realidade do Covid-19
Desde o início de 2020, Pe. Luiz José Weber, presbítero da Diocese de Santo Ângelo, integra a equipe missionária de Moma, na Arquidiocese de Nampula, Moçambique, com as leigas Maria Isabel e Rita e o Pe. Martins. O projeto Igrejas Solidárias é uma parceria entre o Regional Sul 3 da CNBB e a Arquidiocese de Nampula e celebrou 25 anos no ano passado.
Por um tempo semelhante – 25 anos – Pe. Luiz foi missionário na Diocese de Marabá/PA. No final do ano passado, estando em ano sabático, manifestou seu desejo de fazer uma experiência missionária ad gentes em Moçambique. Após os trâmites legais, Pe. Luiz foi solenemente enviado à missão pela Diocese de Santo Ângelo e hoje, prestes a completar cinco meses no local, ele escreve sobre a realidade da missão, especialmente agora, afetada pela pandemia do Coronavírus.
Confira:
Estamos vivendo um tempo diferente. E, gostaria de partilhar o que nós, a equipe missionária enviada pelo Regional Sul 3 da CNBB, em Moçambique, estamos vivendo. No dia 20 de março, o presidente decretou algumas medidas preventivas para enfrentarmos e superarmos a COVID-19. E nós, nas duas paróquias que atendemos, São Miguel Arcanjo e São Paulo Apóstolo, em sintonia com a Arquidiocese de Nampula, acatamos estas medidas. Em nenhuma das 157 comunidades há celebrações, catequese, formação. Tudo está fechado e suspenso. Motivamos a oração em casa. Nossas atividades através dos projetos sociais também estão suspensas. Nós, a equipe missionária, dentro do possível, estamos reclusos em casa.
A realidade social aqui é diferente. Não tem água encanada na maioria das casas. Existem poços comunitários onde as pessoas buscam água e a transportam carregando-a na cabeça em baldes e vasilhas. A manutenção das famílias se dá através da machamba (horta grande) e do trabalho informal. Neste tempo de pandemia é perceptível a dificuldade que o povo enfrenta de ficar em casa. Claro, motivamos e incentivamos o uso das máscaras e a higienização das as mãos. Porém, a infraestrutura é muito precária em todos os sentidos.
Nós, a equipe missionária, estamos desenvolvendo pequenas iniciativas para ajudar os que mais precisam. Apostamos no trabalho de conscientização, doação de máscaras, sabão e alimentação para os mais necessitados. Também trabalhamos com chás e a multimistura.
A COVID-19 já chegou a nossa porta. A situação, que no dia-a-dia já é difícil, torna-se mais preocupante com este vírus que encontra uma situação propícia para se difundir e ceifar a vida dos mais pobres, já que estes são os que mais padecem devido a infraestrutura precária. Estejamos em sintonia, rezando uns pelos outros e trabalhando de acordo com o que está a nosso alcance para preservar e promover a vida de todos.
Com informações da Diocese de Santo Ângelo