“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo 15,4)
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. A Liturgia da Palavra do 5º Domingo da Páscoa nos convida a permanecermos unidos a Cristo, o Ressuscitado, que veio a nós como a Verdadeira Videira.
Prezados irmãos e irmãs. O tempo pascal aprofunda o sentido da ressurreição. O túmulo vazio e os encontros de Cristo com as mulheres e com os discípulos apontam para a novidade da Páscoa: Jesus Ressuscitou. Em sua vida e ministério, Jesus sempre acolheu os pecadores. Ressuscitado, Ele enviou os discípulos a perdoar: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles que perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20,23). Além disto, o Ressuscitado é o Crucificado. Ele mesmo disse: “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo!” (Lc 24,39). As testemunhas da ressurreição, são aqueles que viveram com Jesus e foram atraídos por ele, por sua mensagem e por sua causa.
O Evangelho deste domingo, Jo 15,1-8, faz parte das palavras de despedida de Jesus aos discípulos durante a Última Ceia. Diante da proximidade de sua crucificação e morte, Jesus, através da Última Ceia, deixou aos discípulos suas últimas recomendações. Com a narrativa da videira e dos ramos Jesus fez um forte e definitivo apelo aos discípulos: “permanecei em mim”. Desta forma, Jesus retomou uma importante imagem da Sagrada Escritura. A videira ou a vinha era símbolo do povo de Israel. Deus a havia plantado e cercado de cuidados e, por isso, “esperava que ela produzisse uvas boas, mas só produziu uvas azedas” (Is 5,2).
Jesus apresenta-se como a verdadeira videira e afirmou que Deus Pai é o agricultor: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor” (Jo 15,1). “Eu sou a videira e vós sois os ramos” (Jo 15,5). No conjunto da videira, são os ramos que têm a incumbência de produzir os frutos. Deus Pai cuida da vinha para que ela produza os frutos que ele espera. Ele poda a vinha, corta e joga fora os ramos secos e limpa os sadios para que produzam mais. É importante lembrar que, sem a poda, a videira, em pouco tempo, deixa de produzir bons frutos. Podar não é fazer a videira sofrer, mas dar-lhe condições para que produza em abundância. A poda é reforço indispensável. Assim, a comunidade é como a videira: por vezes ela passa por momentos difíceis. É o momento da poda, necessário para que ela produza mais frutos.
Aos discípulos Jesus disse: “Vós sois os ramos” (Jo 15,5). A eles Jesus solicitou-lhes categoricamente: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim […]. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,4-5).
Para produzir frutos, a comunidade cristã necessita estar unida a Cristo, o tronco. Sem a estreita ligação a Jesus a comunidade cristã não conseguirá produzir os frutos por ele desejados. É necessário “permanecer em Jesus” para produzir os frutos que Deus espera, como bem expressa o Apóstolo Paulo na Carta aos Gálatas: “Os frutos do Espírito são o amor, a alegria, a paz, a paciência, a bondade, a benevolência, a fé, a mansidão, o domínio de si. Contra essas coisas não existe lei” (Gl 5,22-23). Sem permanecer nele, os discípulos serão como ramos estéreis.
Caríssimos irmãos e irmãs. Os ramos separados do tronco não produzem frutos. Somente a ligação com a Palavra de Deus, lida, meditada e celebrada em comunidade, nos mantém no caminho do seguimento a Jesus Cristo. “Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos”. A alegria de Deus Pai é a comunidade unida a Cristo, a verdadeira videira, e comprometida com o projeto do seu Reino. Estejamos nós unidos a Cristo e entre nós, e colheremos os bons frutos produzidos no relacionamento de verdadeiros irmãos e irmãs.
Deus abençoe a todos e bom domingo!
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim