Presentes de Natal
A Sagrada Escritura apresenta-nos o belo gesto dos magos, que encontrando o menino Jesus na manjedoura, ofereceram-lhe os seus presentes. Sob essa inspiração, dar presentes no natal tornou-se costume entre as gentes. Presentear é reconhecer, é ser grato e é, ao mesmo tempo, uma declaração de felicidade. Neste caso, a felicidade de saber-nos amados por Deus, que enviou seu Filho, para a salvação do mundo.
Há presentes úteis e inúteis. Alguns são meramente simbólicos, que nos recordam alguém que queremos bem. Não têm valor de mercado, não podem ser vendidos e só quem construiu uma história afetiva com o generoso doador é que entenderá o seu significado e o seu valor. Há presentes caros. Em podendo dá-los, alguém demonstra que não há limites para o bem-querer. E há os presentes úteis, essenciais, que ajudam muito em tarefas cotidianas, ferramentas indispensáveis às responsabilidades que nos cabem.
No turbilhão que envolve o Natal comercial, pesquisei quais presentes seriam significativos, importantes e úteis para um educador. Não os encontrei em nenhum shopping, nem nas lojas on line, nem nas propagandas televisivas. Reportei-me, então, para as salas de aula onde durante toda a vida tenho gasto as energias e vivido o que há de melhor em minha efêmera existência. Qual presente um educador gostaria de receber no natal?
Eu lhes digo quais presentes fariam feliz um professor: um país que valorizasse seus mestres, não apenas com salários dignos, mas com políticas públicas que resguardem a educação e o direito de ensinar, sem retaliações e sem ideologias que ponham em dúvida as intenções de quem exerce a missão educativa; uma sociedade menos acusadora, que a cada passo procura ver na escola apenas as limitações, incapaz de perceber quanta vida, empenho e sacrifício são realizados todos os dias em prol dos estudantes; profissionais bem formados que saibam reconhecer de onde vêm os seus saberes e a as suas competências, colocando-se ao lado dos docentes em suas lutas pela dignidade profissional.
Aos pés de minha árvore de natal estão expostos um livro e uma caneta, símbolos de minha devoção ao Divino Mestre, que nasce pequeno e humilde em Belém, mas também recordações de uma Mãe Educadora e de um Pai zeloso, que fizeram de seu pequeno lar uma escola de vida para o filho de Deus. Quem dera nossas comunidades, famílias, nossas igrejas e nossa sociedade pudessem transformar-se em espaços educativos, abertos, inclusivos, aptos a preparar as pessoas para a vida. Não qualquer vida, mas uma vida digna de podermos sentir-nos também nós Filhos de Deus. Se “ a pedagogia é o trabalho de criar encontros transformadores que se baseiam no que existe e no que pode ser construído”, como bem observou o relatório da Unesco, então, mais do que sonhar e desejar, é hora de lançarmo-nos em busca desse futuro melhor, a ser construído por todos os que creem na educação como caminho de vida. Feliz natal aos educadores! Que o “bom velhinho” não esqueça os presentes, no presente e no futuro!
Prof. Dr. Rogério Ferraz de Andrade