Quem faz a comunicação na Igreja no Brasil
Na tarefa de recordar “quem faz a comunicação da Igreja no Brasil”, são lembrados os agentes de Pastoral, profissionais de veículos de imprensa, clérigos e religiosos que atuam nos diversos meios de comunicação e também os profissionais da comunicação que trabalham nas diversas instituições da Igreja. Estes, são responsáveis em pensar e desenvolver estratégias e soluções para fazer chegar mais longe o anúncio do Evangelho e dialogar com a sociedade.
Às vésperas do 55º Dia Mundial das Comunicações, a série sobre “Quem faz a comunicação na Igreja no Brasil” apresenta nesta quarta reportagem alguns testemunhos de profissionais que trabalham na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nas equipes de assessoria de comunicação e imprensa. Em sua sede, em Brasília (DF), a entidade conta com uma equipe de cinco jornalistas e um produtor audiovisual responsáveis pela assessoria à Presidência da CNBB em relação à imprensa; produção de notícias para portal, revista, rádios e TVs; produção de vídeos e lives; seleção de informações para o Comunicado Mensal; além de outras ações.
A equipe da CNBB é ainda maior quando também contabilizados os profissionais de comunicação que estão nos 18 regionais da entidade e na editora da Conferência, a Edições CNBB, que conta com publicitários, jornalistas e profissionais de marketing. Integram as equipes da Assessoria de Comunicação na sede, nos regionais e na editora homens e mulheres que fazem da atuação profissional também um apostolado e sentem-se exortados pela mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações, na qual o pontífice convida a gastar as solas dos sapatos e fazer com que a palavra anunciada possa ser vista, experimentada.
Gastar a sola dos sapatos além fronteiras
“Viver este mandato como jornalista da CNBB Sul 3 é também assumir a missão e o compromisso de comunicar a nossa Igreja em toda a sua plenitude, olhando atentamente às pastorais, arqui/dioceses, organismos e todo o povo de Deus”. Assim observa sua missão de atuar na comunicação do Regional Sul 3 da CNBB a jornalista Victória Holzbach, de 30 anos. Ela atua na área desde o segundo semestre de faculdade, em 2009.
“Minha relação com a comunicação na Igreja iniciou justamente neste período de estágio da faculdade, quando comecei a atuar na comunicação da Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo. Minha atuação profissional sempre foi além da técnica jornalística de produção de textos, fotos e vídeos. Desde a Cáritas compreendi o quanto é fundamental meu envolvimento com as pessoas, os grupos acompanhados e com sua realidade”.
Essa compreensão sobre a proximidade das pessoas fez com que Victória atendesse ao chamado para a missão além fronteiras. “Em 2013 assumi também a comunicação da arquidiocese de Passo Fundo (RS), onde atuei até 2016, quando escolhi viver uma missão ad gentes em Moçambique, onde estive por 3 anos, até 2019. Em seguida, no início de 2020, assumi a assessoria de comunicação do Regional Sul 3, conciliando também com a coordenação do Conselho Missionário Regional”, conta.
A experiência da Missão em Moçambique e o trabalho na Cáritas ajudam hoje Victória a compreender melhor o chamado do Papa na Mensagem para o 55º DMCS “a partir de uma chave missionária”. Para ela, gastar a sola dos sapatos é também gastar os olhos para ver, os ouvidos para ouvir, “a energia para sair do nosso espaço e entrar com respeito e cuidado no lugar do outro, onde a notícia nos espera”.
“Gastar a sola dos sapatos é também empenhar todo o nosso esforço para discernir o papel de jornalista neste momento. Ir, ver e se permitir viver a missão de comunicar assumindo o compromisso da maior mensagem que anunciamos: a Boa Nova de Cristo”.
Para conhecer, é preciso encontrar
O produtor audiovisual da CNBB, Caio Lima, recorda da mensagem do Papa o convite de «Vinde e vereis», também repetido pelos discípulos em seus primeiros anúncios da Boa Nova. “Somos nós, da Comunicação, que temos o dom, dado por Deus, de convidar os irmãos a verem aquilo que nós contemplamos. Somos canais eficazes por onde Deus quer enviar sua mensagem de salvação. É de extrema importância assumir essa vocação, e essa responsabilidade. O Senhor conta conosco”, pontua.
Aos 33 anos, Caio também trabalha com a comunicação desde 2009. Começou a atuar como voluntário na preparação e execução do Congresso Eucarístico Nacional de 2010, em Brasília. Foi voluntário da arquidiocese, atuou na Rádio Nova Aliança para cobrir a JMJ Madri e permaneceu até 2016. No mesmo período também atuou como voluntário da Equipe Jovem de Comunicação da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, os Jovens Conectados, atuando também como Social Media, no projeto Bote Fé e na JMJ Rio 2013.
Leigo consagrado da Comunidade Católica Shalom, foi em missão para Campo Grande (MS), onde atuou na comunicação da arquidiocese sul mato-grossense. Desde 2019, colabora na Comunicação da CNBB. Para Caio, sua relação com a Igreja foi realmente vontade de Deus. “Atendi o chamado, e ao terminar aquele evento, disse à Deus que só queria trabalhar com comunicação católica. Desde então minhas preces foram atendidas”, partilha.
Mover-se com desejo de ver
O Papa Francisco fala em sua mensagem que o próprio jornalismo, como exposição da realidade, “requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver”. Nesse sentido, o jornalista Willian Bonfim, da equipe da Assessoria de Comunicação da CNBB, entendo a comunicação como relação que só acontece plenamente quando há compreensão e entendimento. “Encaro a minha atuação como jornalista mais que um serviço técnico, buscando compreender o meu papel como profissional na tradução dos conteúdos e linguagem eclesial e na produção de informações que sejam relevantes e que façam sentido para os diferentes públicos”, analisa.
Com a caminhada eclesial iniciada desde muito pequeno através dos pais, cursilhistas, na paróquia São João Batista, em Americano do Brasil (GO), participou de grupos de jovens e foi catequista. Atuou na coordenação diocesana da Pastoral da Juventude, na diocese de São Luís de Montes Belos (GO), e, mais tarde, já morando em Goiânia, ingressou no curso de Rádio e TV, na Universidade Federal de Goiás. Durante o percurso de formação, transferiu-se para a graduação em Jornalismo na mesma universidade. Na época, trabalhava como secretário na Casa da Juventude Pe. Burnier, um centro de formação dos Jesuítas, e atuou na Pascom da arquidiocese de Goiânia.
“No final da minha graduação, em 1999, recebi o convite para trabalhar na Assessoria de Comunicação da arquidiocese de Goiânia, cujo assessor à época era o brilhante jornalista Antônio Carlos Moura, uma referência de ser humano e de profissional para mim. Com o falecimento dele, dom Antônio de Oliveira me fez o convite para assumir como Assessor de Comunicação da arquidiocese, papel que exerci até 2002, quando mudei para Brasília para o mestrado em Comunicação na UNB. Na Igreja, trabalhei também como free lancer para a Comissão Pastoral da Terra do Centro-Oeste, na Associação Filhos do Pai Eterno. Mais tarde, em 2017, fui convidado para integrar a equipe da Assessoria de Comunicação da CNBB“, recorda Willian.
Encontros de Jornalistas da CNBB
São nesses espaços que o jornalista busca desempenhar o serviço de promover relações de compreensão e entendimento. São pontes que geram processos em comum, iniciativas conjuntas como os frutos de integração a partir dos Encontros de Jornalistas promovidos desde 2008 pela CNBB. Esses eventos têm o objetivo de fortalecer os laços entre os assessores de imprensa e comunicação que prestam serviço à Igreja no país, por meio da troca de experiências, formação e articulação do setor.
A 9ª e última edição aconteceu em março de 2018. Segundo Willian Bonfim, “trata-se de uma oportunidade para reunir os profissionais que estão à serviço da Igreja e envolvê-los em debates sobre temas e desafios relativos ao trabalho de comunicação no âmbito eclesial”.
A próxima edição aconteceria na programação do Mutirão Brasileiro de Comunicação, mas, em razão da pandemia foi adiada. O contato com esses profissionais tem acontecido no âmbito digital, por meio das colaborações mútuas no grupo Comunicação Integrada na Igreja, no WhatsApp, e em reuniões por videoconferência.
Muticom
Mesmo sem o encontro de jornalistas, o Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom) está marcado para o próximo mês de julho, nos dias 23 e 24. Por conta da pandemia, o evento será on-line e gratuito. As inscrições para o novo formato estão abertas.
Comunicadores das mais diversas esferas – jornalistas, publicitários, relações públicas, agentes de pastoral, professores e estudantes, pesquisadores, profissionais de comunicação – poderão participar gratuitamente de grandes conferências e aprofundamentos do tema central “Por uma comunicação integral: o humano nos novos ecossistemas”.
A programação terá início na sexta-feira, dia 23 de julho, às 16h45, com previsão de encerramento às 21h. No sábado, dia 24, o Mutirão se estende de 8h30 às 18h. Além das palestras, estão previstos momentos de espiritualidade, lançamentos de livros, tecnologias de comunicação e apresentações culturais. Durante todo o evento haverá interação com os participantes.
Saiba mais sobre o Muticom 2021: https://muticom.com.br/
Com informações da CNBB