Ramos nas mãos e fé no coração
A celebração do domingo de Ramos e da Paixão do Senhor marca o início da Semana Santa e antecede a celebração da Páscoa. Neste dia, fazemos memória do ingresso de Jesus em Jerusalém para cumprir o seu mistério pascal, onde é acolhido de forma triunfal pela multidão que agita ramos de oliveira e estende mantos ao longo do caminho por onde ele passa.
É costume e faz parte da fé do nosso querido povo de Deus também levar ramos para serem abençoados neste dia. Mas, meu irmão, minha irmã, além dos ramos de oliveira e outros nas mãos, leve no coração, para colocar diante do Senhor, os ramos da paz, da caridade, da solidariedade, do direito e da justiça, que libertam o povo das estruturas de marginalização e opressão, causadas pela falta de políticas públicas que promovam a verdadeira inclusão social.
Num mundo globalizado pelas conquistas tecnológicas e comerciais, precisamos globalizar a esperança, para tornar menos dramática a situação de milhões de pessoas, cada vez mais à margem dos grandes avanços do desenvolvimento socioeconômico. Estes irmãos e irmãs também querem viver, embora o mundo lhes negue o mínino necessário para sobreviver. “Uma globalização sem visão, sem esperança, sem uma mensagem que seja, ao mesmo tempo, anúncio e vida plena, está destinada a produzir conflitos e a gerar sofrimentos e miséria” (Texto Base da Campanha da Fraternidade, n. 240).
É fundamental que tenhamos uma noção clara na nossa sociedade de que as novas gerações precisam ser educadas para a solidariedade e a partilha em vista do bem comum, a partir da família, da comunidade de fé e de políticas públicas, que olhem a educação, não só em vista das estatísticas, mas como meio essencial para construirmos uma nação na qual as oportunidades de trabalho, o direito e a justiça estejam ao alcance de todos.
A omissão da família em assumir o seu papel de ser a primeira educadora da convivência social das novas gerações também traz graves conseqüências para as futuras e para a sociedade em geral. Onde falta o respeito pela vida, e a dignidade dos mais vulneráveis é subjugada pela ganância, a indiferença e a corrupção dos que detêm o poder, a esperança pode agonizar para deixar crescer a violência. Que este tempo nos ajude a olhar a vida e a nossa realidade com os olhos da compaixão do Senhor.
+ Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Erexim