Recordar os que partiram à luz da ressurreição de Jesus

Ao iniciarmos o mês de novembro, nós fazemos memória ou celebramos o dia dos finados. Este ano, esse dia marcado pela dor e esperança, nós celebraremos também tendo presente as milhares de pessoas e famílias que perderam seus entes queridos por causa da pandemia do COVID19.

Mesmo com certas restrições, muitos irão ao cemitério, ou participarão da celebração litúrgica na comunidade ou nos cemitérios, manifestando um gesto piedoso para com os amigos e parentes que partiram deste mundo, mas continuam presentes na nossa memória e, porque não dizer, continuarão para sempre fazendo parte da nossa vida, até o momento ou hora de concluirmos a nossa jornada.

No dia dos finados, independentemente de professarmos ou não uma fé, de termos ou não uma religião, paira uma sombra, porque não se encara a morte dos outros sem pensar na própria. A morte é para todos, mas pranteada segundo as culturas e religiões. Emotivamente é impossível não sentir a dor da separação, nem é justo pedir a alguém para não chorar pelo luto e pela dor causada pela perda de um familiar ou um amigo, mesmo se o fato é vivido à luz da fé. Podemos ver a morte como uma injustiça, embora saibamos que é inevitável, como uma ruptura com as seguranças que fomos criando ao longo da nossa vida, ou como uma separação dos afetos mais importantes que preenchem o nosso cotidiano.

O Senhor Jesus, que sendo Filho de Deus, viveu a nossa condição humana da dor e da morte, nos trouxe uma nova luz de vida, marcada pela ressurreição na Páscoa. E a ressurreição de Cristo é a lente através da qual cada um pode ler a vida e a morte. Mas o Senhor Jesus também nos apontou o caminho da esperança, e nele a morte não terá a última palavra. Por isso, podemos dizer a cada dia: Queremos viver Senhor, oferecendo a ti a nossa vida; como o pão e o vinho, oferecidos sobre o altar do sacrifício eucarístico.

Ó Deus de infinita misericórdia, que acolhes nos teus braços as almas redimidas pelo sangue do teu Filho Jesus, com teu amor de Pai misericordioso, acolhe os nossos entes queridos, que concluíram a peregrinação sobre esta terra. Senhor,com a fé e a esperança que acendeste no nosso coração de filhos e filhas, te pedimos, que as almas dos nossos familiares, amigos e conhecidos, possam contemplar a glória da tua face, habitando eternamente na tua casa. Dá-lhes, Senhor, o descanso eterno. E a luz perpétua os ilumine. Descansem em paz. Amém.

Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB