Rezar pela paz e pelos filhos

 

Recentemente circulou pelas redes sociais o depoimento de um importante cardiologista de São Paulo alertando que rezar faz bem à saúde. Sim, inclusive indicou a oração do terço como um dos fatores que leva certas populações a uma vida longeva e com qualidade.  Nestes tempos de incertezas e grande agitação, saber meditar, refletir e rezar são atos de quem é capaz de ser sábio: entre as coisas que passam, escolher as que são eternas. Dia 7 de outubro é o dia de Nossa Senhora do Rosário. Por isso, apresento aqui alguns dados sobre o Rosário que possam nos estimular a rezar mais, para viver melhor.

A palavra Rosário significa grinalda de rosas dedicada à Maria, Mãe de Deus, através da repetição de 150 vezes da oração da Ave-Maria. O número 150 corresponde aos 150 salmos contidos na Bíblia. Há muitos séculos a Igreja convida os fiéis a recitarem cânticos e salmos desde o pôr do sol até o seu ocaso. Isto é feito especialmente nos mosteiros espalhados pelo mundo. Na Idade Média, contudo, constatou-se que muitos cristãos eram analfabetos e ficavam privados desta prática orante.  Para atender a necessidade de oração dos iletrados, São Domingos de Gusmão aprimorou um método de oração que originou o rosário. São 150 Ave-Marias intercaladas entre Pai-Nossos e glórias. A cada dezena medita-se um mistério da vida de Cristo.  Apesar da ênfase mariana, a Igreja sempre afirmou o caráter cristocêntrico dessa oração.

Em nosso meio estamos mais habituados ao terço: uma terça parte do rosário, apenas 50 ave-marias.  O Papa São João Paulo II estimou muito o Rosário e condenava uma forma vazia e automática de rezá-lo, sem meditação e contemplação, pois corre-se o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: “Na oração não multipliqueis as palavras como os gentios, que imaginam serem  ouvidos graças à sua verbosidade” (Mt 6, 7).

Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d’Aquela que mais de perto esteve em contato com Jesus.

Enquanto “compêndio do Evangelho”, é conveniente que o rosário, depois de recordar a encarnação e a vida oculta de Cristo (mistérios da alegria), e antes de se deter nos sofrimentos da paixão (mistérios da dor), e no triunfo da ressurreição (mistérios da glória), a meditação se concentre também sobre alguns momentos particularmente significativos da vida pública (mistérios da luz).

Sugere-se que os mistérios da alegria (gozosos) sejam recitados às segundas e sábados, os mistérios da dor (dolorosos) às  terças e sextas, e os mistérios luminosos sejam rezados na quinta-feira, e às quartas e domingos medita-se os mistérios da glória (gloriosos).

Sobre a importância dessa oração para a paz e pelo bem das famílias, a Carta Rosarium Virginis Mariae de João Paulo II destaca: “À eficácia desta oração, confio de bom grado hoje a causa da paz no mundo e a causa da família. Rezar o Rosário pelos filhos e, mais ainda, com os filhos, educando-os desde tenra idade para este momento diário de “paragem orante” da família, não traz por certo a solução de todos os problemas, mas é uma ajuda espiritual que não se deve subestimar. Pode-se objetar que o Rosário parece uma oração pouco adaptada ao gosto das crianças e jovens de hoje. Mas a objeção parte talvez da forma muitas vezes pouco cuidada de o rezar. Ora, ressalvada a sua estrutura fundamental, nada impede que a recitação do Rosário para crianças e jovens, tanto em família como nos grupos, seja enriquecida com atrativos simbólicos e práticos, que favoreçam a sua compreensão e valorização”.

 

Dom Leomar Antônio Brustolin – Arcebispo Metropolitano de Santa Maria e Presidente do Regional Sul 3