Salve Ó Cruz
A Páscoa deste ano, com a epidemia que nos assusta e confina, faz a todos olhar e contemplar a Cruz do Senhor Ressuscitado com maior atenção e amor. Jesus passou pela cruz que para os romanos era instrumento de tortura e para os judeus sinal de maldição.
A cruz é constituída por dois pedaços de madeira que se cruzam, um na vertical e outro na horizontal. O primeiro une a terra com o céu e o segundo une todo o universo.
Para os cristãos a cruz tem um significado único a partir do momento em que Jesus foi obrigado a carregá-la até ao Calvário e nela foi crucificado. Neste sinal da cruz Deus e homem se unem, pois Jesus Cristo, com sua morte na cruz, salvou a humanidade.
O evangelista São João assim nos escreve: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer tenha a vida eterna” (Jo 3,14). O próprio Jesus anunciou: “E quando eu for elevado a terra, atrairei todos a mim” (Jo 12, 32).
A cruz, em primeiro lugar, é sempre um sinal da morte, pois Jesus “morreu por todos” (2 Cor 5, 14) e, em segundo lugar, é um sinal de vida e de redenção. Tudo obra do amor de Jesus Cristo que se doou plenamente pela nossa salvação. Foi sepultado, mas ressuscitou no terceiro dia, vivo e glorioso.
A cruz hoje é o símbolo universal para todos os cristãos. Na história da Igreja Católica, houve tempos em que se usava a cruz para representar o Cristo e seu mistério salvífico, o ressuscitado, o vencedor. Na Idade Média em diante se começou a colocar a figura de Jesus sofredor na cruz para ressaltar a dor física de Jesus. Após o Concílio Vaticano II (1965) se enfatiza a ressurreição de Jesus a partir da vitória sobre o pecado e a morte na cruz. É por isso que se usa a cruz sem a imagem. Na Basílica da Medianeira, inicialmente, havia no centro uma cruz iluminada. Hoje, aparece na cruz o Cristo Ressuscitado. São visões teológicas complementares. Jesus está na cruz, mas já é vencedor e ressuscitado.
O símbolo da cruz ilumina nossas vidas, dá-nos novas esperanças e aponta-nos o caminho para a vitória final. Carregando a nossa cruz, participamos da redenção de Jesus (Ef. 2, 14 – 16). A dor de Jesus na cruz continua na humanidade e na vida do povo. O importante é unir e oferecer nossas dores, fraquezas e provações aos sofrimentos de Cristo para a vitória final.
Desejo a todos uma Santa Páscoa no Cristo Crucificado e Ressuscitado!
Dom Hélio Adelar Rubert – Arcebispo de Santa Maria