São José: um coração de pai

No dia 19 de março a Igreja celebra a Solenidade de São José, esposo da Bem-Aventurada Virgem Maria e Padroeiro Universal da Igreja. Na Solenidade da Imaculada Conceição de 2020, o Papa Francisco publicou a Carta Apostólica Patris Corde – Com coração de Pai”. A Carta Apostólica tem por objetivo “aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo”.

Na vida social as “grandes figuras” influenciam o comportamento. São motivo de admiração ou até de “escândalo”. A Igreja, desde a sua origem, valoriza os fiéis que foram exemplares, até reconhece e declara oficialmente alguns como santos. A eles são dedicadas Igrejas, entram no calendário litúrgico, nas ladainhas e nas orações.

Qual é a missão dos santos? O Papa Francisco na Carta Apostólica nos recorda que a missão dos santos “não é apenas conceder milagres ou graças”. Sua missão é de “interceder por nós diante de Deus”; eles ajudam os fiéis a “procurar a santidade e a perfeição”, pois “a sua vida é uma prova concreta de que é possível viver o Evangelho”. “Os santos são exemplos de vida que temos de imitar”. Se não conseguimos fazer o que eles fizeram, cabe-nos implorar a graça da conversão.

São poucas e breves as referências a José que os evangelistas fazem, mas é o suficiente para indicar que tipo de pai ele era e a missão que Deus lhe confiou. Vale replicar o que o Papa Francisco escreveu, e isto é um convite para ler inteiramente a Carta Apostólica. José é caracterizado por Francisco como: um amado pai; pai de ternura; pai na obediência; pai no acolhimento; pai com coragem criativa; pai trabalhador e pai na sombra. Ao analisar a vida de São José naturalmente a reflexão se dirige para nós, pois suas virtudes são dignas de admiração e inspiração.

A vida de São José se desenvolve dentro de circunstâncias que fogem daquilo que é o natural e o humano. Só é compreensível dentro do mistério do plano de salvação de Deus. Deus quer que os chamados participem conscientemente e sabendo qual colaboração está sendo lhes solicitada. Nas diversas circunstâncias que José diz SIM requer dele uma profunda fé em Deus. O que lhe era pedido é por meio de “sonhos” e estes são confiáveis até que ponto? José os encara como suficientes para obedecer ao que lhe era pedido. Deixa de lado os “seus raciocínios para dar lugar aos acontecimentos e, por mais misteriosos que possam parecer a seus olhos, ele os acolhe e assume a sua responsabilidade, reconciliando-se com a própria história”. O exemplo de São José mostra-nos que a vida espiritual “não é um caminho a ser explicado, mas um caminho a ser acolhido”.

São José movido pela obediência da fé tornou-se um homem de uma coragem criativa. Tomou todas as medidas necessárias para proteger e salvar a mãe e o filho nos dias do nascimento. Cuidado que continuou na inserção deles na vida social, religiosa e econômica. Leva a família para participar ativamente da vida do Templo e vê o filho crescer em “sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens”. Lembra-nos Francisco “Não se nasce pai, torna-se pai… E não se torna pai porque colocou um filho no mundo, mas porque cuida responsavelmente dele”. José tornou-se pai de Jesus, mesmo não tendo-o gerado.

Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo