Seminário Regional da CF: Ter um coração aberto para o outro

Agentes de diversas pastorais do Rio Grande do Sul se reuniram nesta quinta-feira, 07 de dezembro, para o Seminário Regional da Campanha da Fraternidade. O encontro, realizado no Auditório da Livraria Paulus, no centro de Porto Alegre, reuniu cerca de 60 pessoas que durante o dia aprofundaram o tema da CF 2024: Fraternidade e Amizade Social.

O encontro é uma proposta de continuidade do processo de articulação e formação para a Campanha da Fraternidade de 2024, já iniciado no dia 14 de novembro, com a live que apresentou o Texto Base da CF, com a assessoria do pe. Jean Poul Hansen, Secretário Executivo de Campanhas da CNBB.

Todo ser humano é filho de Deus

O dia iniciou com a reflexão sobre a Carta Encíclica Fratelli Tutti, publicada pelo Papa Francisco em 2020. A apresentação e análise do documento foi feita pelo pe. Leonardo Lucian Dall’Osto, da Diocese de Caxias do Sul, que iniciou sua exposição lembrando que Francisco é um Papa pós conciliar, quando a teologia do Concílio Vaticano II já estava em processo de aplicação na América Latina e isso marca o governo de Bergoglio na Igreja.

Todo ser humano é filho de Deus e, portanto, somos todos irmãos e irmãs”, destacou pe. Leonardo. Ele apresentou alguns destaques da Fratelli Tutti e lembrou Bento XVI: “a globalização nos fez vizinhos, mas não irmãos”. Acrescido a isso, conforme aponta o Papa no documento, a neocolonização se tornou uma ameaça à fraternidade, já que se apresenta como “a grande proposta ideológica do consumo”.

“Quantos séculos nós demoramos para entender que o outro ser humano é tão humano quanto eu?”, questionou pe. Leonardo. “Ter um coração aberto para o outro deveria ser natural de todo o cristão – e Francisco acrescenta que isso deve ser algo inerente ao ser humano: ou fazemos todos juntos, ou desabaremos todos juntos.”

Para concluir a reflexão, o convidado pontuou que o Papa Francisco provoca na Fratelli Tutti para uma paz entre as religiões e acrescenta que não basta que as religiões estejam em paz entre elas, mas precisam assumir o compromisso de serem construtoras de paz. “As sementes do verbo estão em todas as culturas e também nas outras religiões”, afirmou.

Em última análise, a Fratelli Tutti nos pede a capacidade de nos abaixarmos para lavar os pés uns dos outros, não importa quem seja, para estabelecermos através do serviço evangélico a Fraternidade Social, concluiu pe. Leonardo Dall’Osto.

Ainda durante a manhã de Seminário, aconteceu a roda de conversa do eixo do ‘ver’. Neste momento, participaram o pe. Ademar Barilli, coordenador da Pastoral do Migrante no Regional Sul 3; Wera Jaime, liderança Mbya Guarani da Terra Cantagalo, Tekoa Jataity, que apresentou a realidade e a relação com Deus dos povos indígenas, especialmente a partir da visão dos Guaranis; e do pe. Eduardo Haas, coordenador da Pastoral Carcerária no Regional, que apresentou a metodologia da Escola do Perdão e Reconciliação.

Pe. Luciano Motti: O primeiro pecado humano foi não aceitar a fraternidade

A perspectiva da Fraternidade e da Amizade Social na Bíblia foi apresentada, durante a tarde, pelo pe. Luciano Motti, coordenador de pastoral da Diocese de Osório. A reflexão proposta por ele iniciou a partir do Éden: “A apresentação do mundo como jardim é a apresentação do mundo como convívio harmonioso”, explicou. Pe. Luciano propôs olhar para a criação e para o lugar perfeito que Deus havia feito e lembrou que o primeiro pecado, cometido por Adão e Eva, foi justamente quebrar o limite do seu lugar, o rompimento do seu espaço:

“Se eu passo por cima do meu lugar, eu ocupo o espaço do outro. E este limite era a orientação de Deus para que este jardim fosse lugar de harmonia. Então, por fim, o pecado original foi não aceitar o convívio fraterno”.

O assessor seguiu a reflexão para a parábola do bom samaritano, apontando o bom samaritano como um paradigma de pessoa e um paradigma de Igreja, segundo o Papa. “Um testemunho de compaixão – ir do outro que ameaça para o outro que é irmão”, ponderou.

No texto do Evangelho de Mateus (23,8) proposto para lema da CF 2024 – Vós sois todos irmãos e irmãs, pe. Luciano apresentou a perspectiva de Jesus para a fraternidade e a amizade social a partir das fragilidades humanas. “Jesus não ignora a ambiguidade da humanidade e aponta como tarefa a construção e a busca do convívio fraterno: Uma fraternidade larga, não entre irmãos de sangue, mas para toda a humanidade”, ressaltou.

Na sequência, uma mesa de conversa propôs olhar para a ação da Jornada Mundial dos Pobres na Arquidiocese de Porto Alegre, por Elton Bozzetto; a articulação da Economia de Francisco e Clara, apresentada pela ir. Fátima Ribas e Clara; e, por fim, o projeto Encantar a Política, com a partilha de Rita Casiraghi Moschen, do Centro Nacional de Fé e Política.

O Seminário da Campanha da Fraternidade foi concluído com a celebração de envio organizada pela Pastoral da AIDS Regional.

CNBB Sul 3