Trindade e fraternidade
A Igreja convida seus filhos e filhas, a celebrarem, na liturgia e na vida de fé, neste final de semana, a Solenidade da Santíssima Trindade. Através desta Solenidade, podemos perceber a força e a harmonia da fraternidade divina, marcada por uma profunda comunhão de amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Essa comunhão da Trindade Santa nos ensina que é possível manter e viver uma comunhão fraterna, respeitosa e pacífica, em nossas famílias e nas comunidades, quando deixamos que a Palavra de Deus, chegue ao nosso coração e nos dispomos a amar. Pois o amor revela a presença de Deus, sua ternura e sua misericórdia, tão importantes para a nossa vida cotidiana e para a nossa vida de fé.
As Sagradas Escrituras, no livro do Êxodo (Ex 32), narram que Moisés, quando desceu do monte Sinai com as tábuas da lei, percebeu que as leis de Deus, escritas na pedra, não estavam no coração do povo. Moisés, num primeiro momento, revoltou-se com a atitude do povo, por isso precisou voltar ao monte, e cheio de temor, carregava consigo o pecado do povo, por ter adorado um bezerro de ouro. Moisés tinha medo de apresentar-se diante de Deus, tinha medo da vingança e do castigo de Deus, porque a imagem que ele tinha de Deus, era de um soberano vingativo e terrível. Chegando ao monte Sinai, Moisés descobriu outra imagem de Deus. Um Deus misericordioso, piedoso, lento na ira e rico de amor e fidelidade. E diante deste Deus, ele se prostrou e pediu: “Senhor caminha conosco…acolhe-nos como propriedade tua”. Moisés encontrou o Deus do amor, da ternura, do perdão e da misericórdia.
Como cristãos, devemos ser construtores e propagadores da paz, buscando viver em harmonia, na família e na comunidade, como sinal e realização concreta da comunhão dos santos, fruto da participação, pela graça, no mistério da Trindade. Na caminhada da vida, manifestemos alegria, compaixão, busquemos a perfeição, cultivemos sentimentos de fraternidade, para vivermos em paz entre nós e unidos ao Deus de amor. A unidade dos membros de uma família ou comunidade nasce do fato de eles terem consciência de pertencer àquela família e à família de Deus. Gerados na vida nova, pelo sacramento do Batismo, são filhos do mesmo Pai, irmãos do único Filho e animados do mesmo Espírito.
No grande projeto que Deus pensou para a humanidade está presente o ser humano. Ele deseja que todos cheguem à salvação, e por isso enviou sobre a terra o seu único Filho, como manifestação e revelação do seu amor de Pai.
Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB