Tudo pronto para lançar a semente
Eu me lembro muito bem, quando eu era criança, na Linha Francesa, a partir da metade de julho, os agricultores começavam a preparar a terra para o plantio. No dia do colono, a 25 de julho, fazíamos o plantio das batatas, algum milho e feijão. Se não houvesse mais geada neste inverno, teríamos uma safra precoce, em meados de novembro.
Pois a liturgia deste domingo fala uma linguagem de agricultores. O profeta fala da chuva e da neve que caem sobe a terra para fecundá-la e fazê-la germinar, e conclui dizendo que “assim também a palavra que sai da minha boca não voltará vazia; antes realizará tudo que for da minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi ao enviá-la” (Is 55,11).
Enquanto isso, o Evangelho começa com as parábolas do Reino. A primeira parábola é aquela do semeador, que sai e lança a sua semente. É uma linguagem que o povo compreende e ali está sendo dito tudo o que até hoje acontece em nossa Evangelização. Há um esforço muito grande, muita gente empenhada, mas os resultados são pequenos.
Na parábola do semeador, apenas uma quarta parte da semente cai em terra boa. E esta ainda produz em alguns casos ela produz cem, sessenta ou trinta por um. Mas, três quartas partes da semente, diante mão já cai ao longo do caminho, em terra dura onde não consegue penetrar, ou entre as pedras que não permitem que ela crie raízes e seca, ou entre os espinheiros onde ela brota e nasce bonita, mas logo é sufocada pela presença dos inimigos.
Mas, é assim mesmo, esta parábola hoje ainda tem a mesma validade que tinha no tempo de Jesus e de seus apóstolos. Hoje há ainda muitos corações endurecidos e que não permitem a presença da palavra de Deus, que não consegue penetrar; há muitos corações cheios de pedras grandes e grossas, onde uma boa mensagem não consegue criar raízes e se sustentar; e também são muitos os corações bons, mas cheios de espinheiros, já tão ocupados com outras coisas e outras idéias ou teorias, que a Palavra de Deus, mesmo acolhida, não consegue crescer e frutificar.
Nossa esperança está sempre naquela percentagem que acolhe bem a palavra de Deus, permite que ela brote, cresça e produza fruto, mesmo variando de pessoa para pessoa.
Dom Zeno Hastenteufel – Bispo Diocesano de Novo Hamburgo