V Dia Mundial dos Pobres
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Nas celebrações litúrgicas deste final de semana, a Igreja Católica, no mundo todo, está celebrando o V Dia Mundial do Pobre. Podemos ter a tentação de não nos sentirmos incluídos neste apelo profético do Papa Francisco, visto que foi ele o grande motivador da sábia proposta de termos um dia específico para celebrarmos, como Igreja, povo de Deus a caminho da casa do Pai, o dia do pobre. Não olhando o pobre como ideologia deste ou daquele partido, mas a partir do Evangelho, da dignidade da pessoa humana, lembrando que, diante de Deus, todos somos necessitados. Muitas das realidades de pobreza no mundo são criadas e alimentadas pela pobreza ética e moral daqueles que conduzem os destinos políticos e econômicos das nações.
A pandemia do COVID19 tem contribuído para aumentar o número de pessoas e famílias que estão na vulnerabilidade social, também na realidade da nossa Diocese. É louvável o espírito de partilha do nosso querido povo de Deus, que através do amor-caridade, tem ajudado a amenizar o sofrimento de milhares de pessoas que passam por privações. Por isso, tomo a liberdade de convidar todas as pessoas de boa vontade, a não fecharem os olhos do coração diante da realidade, achando que isso vai aliviar a nossa consciência, ou vamos nos sentir mais seguros vivendo na indiferença, diante da fome, que fere a vida e a dignidade do outro. Os pobres não são pessoas «externas» à comunidade, mas irmãos e irmãs cujo sofrimento se partilha, para abrandar o seu mal e a marginalização, a fim de lhes ser devolvida a dignidade perdida e garantida a necessária inclusão social. (Mensagem do Papa Francisco para o V Dia Mundial do Pobre).
Quando optamos pela indiferença em relação aos necessitados, estamos contribuindo para que permaneçam excluídos. É um dos sinais de que perdemos o sentido da sacralidade da vida humana, e os desdobramentos dessa situação ficam cada vez mais evidentes no crescimento do número dos que estão à margem da sociedade, e as muitas formas de violência que se manifestam na sociedade.
A caridade, pela experiência da fé, e o sentido de partilha, pelo qualificado exercício da cidadania, têm força corretiva e formativa do caráter de cada pessoa. Contribuem ainda para que todos se percebam integrantes de uma coletividade, superando o individualismo egoísta. Que a nossa participação no banquete da eucaristia, nos ajude a viver a celebração do V Dia Mundial dos Pobres como uma oportunidade para nos envolver na construção de um mundo comprometido com o cuidado da Casa comum e da dignidade da vida humana.
Que o espírito de fraternidade, entre as nações e os povos de diferentes culturas, seja fortalecido pelo amor, a justiça, a paz, a solidariedade e a caridade, alimentando a nossa esperança em relação ao futuro, sem fecharmos os olhos para ver e nos envolver com a realidade do presente.
Dom José Gislon, OFMCap – Bispo Diocesano de Caxias do Sul