Viver e celebrar com esperança

Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo, estamos iniciando o tempo do Advento, em preparação à celebração do Santo Natal. A Igreja convida seus filhos e filhas à refletirem sobre o verdadeiro significado deste tempo de espera, que não pode ser vivido isoladamente, mas colocando-o em relação com a nossa vida de fé, de homens e mulheres que acolheram o Senhor e buscam uma conversão de vida contínua, procurando trazer o Evangelho para a vida, conduzindo-a segundo os ensinamentos da Palavra do Senhor e da Igreja.

Espiritualmente, o Tempo do Advento é preparação para um encontro; aquele entre Deus e o homem na pessoa histórica de Jesus, que celebramos no dia 25 de dezembro; aquele entre Deus e a humanidade, através de Jesus Cristo; aquele definitivo, no fim dos tempos, quando o Cristo Glorioso voltará.

A chave para compreendermos aquilo que acontecerá está em nós e no nosso modo de vivermos este tempo de espera e esperança. Precisamos ser vigilantes e nos revestir da luz de Deus, para acolhermos a luz do mundo: Cristo Jesus. Sem essa Luz, a nossa vida permanecerá envolta em trevas, não teremos a esperança de ver um novo dia, onde a justiça e a paz se encontrarão, e a humanidade, redimida pela misericórdia do Pai, cantará um hino de louvor ao Deus altíssimo, como fez Maria, a serva fiel do Senhor.

Para Deus nada é impossível, nos recorda o profeta Isaías, “porque a sua graça pode suscitar a vida lá onde a morte e o pecado já haviam hasteado a bandeira da vitória”. É do silêncio do deserto que renasce a esperança na vida, daqueles que, em Israel, esperavam a vinda do Messias. João Batista é o homem do deserto e da água. A água é por excelência o sinal de vida; o deserto é o lugar do silêncio, onde a única voz que se ouve é aquela do vento batendo nas rochas. Mas foi este cenário que Deus escolheu para falar ao seu povo. No Sinai, Deus concluiu uma aliança com seu povo e doou a Lei. Mas também escolheu a água para exprimir o novo nascimento do homem; não foi por acaso que Ele escolheu o deserto para fazer um pacto de amor com o seu povo, apenas libertado da escravidão no Egito. E é no deserto que João Batista anuncia a nova aliança. É um anuncio feito com paixão e sobriedade, que derruba as falsas seguranças de quem quer viver sem fé, sem a paixão da conversão, que leva a descobrir a força do amor, no encontro com o Senhor da vida.

Às vezes, acreditamos em tantas coisas que não fazem bem para a nossa vida espiritual, ou acreditamos em tudo aquilo que passa diante dos nossos olhos, mas não sabemos ver e reconhecer os sinais de esperança que Deus semeia no mundo. Para vê-los precisamos de uma luz potente, que ilumina tudo, precisamos da luz de Deus, da luz do Espírito Santo, e, ao mesmo tempo, nos colocarmos a caminho, confiando nesta luz que nos guia, como fizeram Maria, a mãe de Jesus, os Apóstolos, os mártires e os Santos que nos precederam na fé.

Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB