A conversão na vida do cristão!
A Igreja, comunidade de fé, nos convida para celebrarmos, diante do Senhor, a Festa da Conversão de São Paulo “Apóstolo”. É uma conversão que vem acompanhada de uma vocação para o apostolado, mas é marcada também por uma intervenção especial de Jesus ressuscitado, para que Paulo leve o nome do Senhor a todos os povos.
O esplendor da luz de Cristo cegou Paulo, para que cessasse a perseguição dos cristãos, e a graça de Deus o fez renascer para uma vida nova, abrindo os seus olhos e o coração para a missão de testemunhar e confessar o nome de Jesus em condições adversas. De perseguidor, Paulo vai tornar-se perseguido, e é nessa condição que o seu testemunho junto às pessoas vai germinar.
No Antigo Testamento, conversão significa dar meia volta, voltar atrás, retornar de um caminho errado. Quem erra a estrada deve voltar sobre os próprios passos e buscar o caminho certo, mas, sobretudo, deve voltar a uma Pessoa que o espera, o Pai misericordioso que o ama e aguarda o seu retorno.
Todos nós temos resistências às mudanças, à conversão de vida. No encontro com Cristo Jesus, Paulo renovou a sua vida, e toda pessoa consegue renovar a própria vida, por mais errada que ela esteja, se deixar o Senhor falar ao seu coração. Tendo presente que a misericórdia de Deus não está sujeita aos limites da realidade humana. Porque nada é tão indigno, tão baixo ou tão miserável que não pode ser alcançado pelo perdão e pela misericórdia de Deus.
Queridos irmãos e irmãs, na vida não é importante a situação na qual iniciamos um processo de conversão, mas aquela onde queremos chegar. O Reino de Deus está entre nós na pessoa de Jesus, Ele quer entrar na realidade concreta da vida de cada um; está pedindo para ser aceito e acolhido.
A conversão é um processo que envolve toda a pessoa e as suas relações com o mundo. Portanto, é impossível uma verdadeira conversão, entendida de forma evangélica, que não seja fundada na escuta daquela palavra que Deus dirige a cada um, no mais profundo do seu coração.
O Senhor Jesus não se assusta diante da desolação, da aridez dos desertos do coração humano, mas ama percorrê-los, provocando a urgência da conversão. Por isso, semeia em cada coração humano as sementes do amor, do perdão, da compaixão e da caridade. No campo do coração podemos fazer crescer as plantas que dão bons frutos, ou aquelas que dão frutos amargos, que não valorizam a vida, o amor, o perdão e o rosto da ternura de Deus.
Que a nossa resposta em segui-lo seja decisiva, assim poderemos atravessar o deserto do nosso coração, no caminho da conversão cotidiana – feita de ternura, amor e vigor– fazendo-a realmente florir e dar os frutos do “Evangelho”, como aconteceu com a vida de São Paulo.
Dom José Gislon – Bispo de Caxias do Sul