A Jerusalém celeste

Hoje muitas pessoas sonham e anseiam tantas vezes com um céu aqui na terra! E como não é possível encontrá-lo nas riquezas, nos prazeres, nas comodidades, se desesperam e a vida não tem sentido para elas.

A Santa Igreja convida-nos, hoje, a olhar para esses novos céus e a nova terra que nos esperam e onde veremos a Deus face a face. E onde não haverá nem dor, nem lágrimas, mas a alegria plena que sonhamos. Para que nos animemos a amar a Deus e a ser santos.

Enquanto lutamos e avivamos a nossa esperança, antecipamos de algum modo o Céu neste mundo. Como a criança que fica contente porque a mãe lhe prometeu um brinquedo que ela muito deseja. Os santos foram na terra as pessoas mais felizes. Apesar dos sofrimentos e perseguições, “porque temos de sofrer muitas tribulações para entrar no Reino de Deus”, como nos diz a 1ª Leitura (Atos 14,21-27).

O apóstolo São João fala da Nova Jerusalém, na 2a Leitura (Apocalipse 21,1-5), vestida de noiva para o marido. Esta imagem da Igreja de Deus nos encorajará a meditar com fé e amor na esposa de Cristo, sendo una, santa, católica e apostólica. É assim que nos aparece na visão do Apocalipse. Há uma semana, ele nos falou sobre a enorme multidão de todas as nacionalidades e línguas em vestes brancas. Em outro lugar diz: “O muro tinha doze fundamentos, sobre os quais estavam os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (Apocalipse 21, 14) Somos nós as pedras vivas desta cidade santa, onde Deus “habitará com o homem“. Nós, pecadores, também somos acolhidos por ela, e nela recebemos a graça santificante e outras abundantes graças que nos tornam santos, ajudando-nos a alcançar a santidade perfeita a que somos chamados.

Jesus deixou nela os meios de santificação: a sua doutrina, os sacramentos, o governo dos Apóstolos e seus sucessores que nos guiam com segurança para o Céu. Através dela continua a derramar sobre nós suas graças. A Igreja é sacramento de salvação, lembrou o Concílio Vaticano II. Ela é Cristo continuado aqui na terra até ao fim dos tempos.

A Igreja é construída aqui na terra com a pregação da Palavra de Deus. Jesus enviou os Apóstolos por todo o mundo a proclamar o Evangelho. São Paulo e São Barnabé, como nos diz a leitura dos Atos dos Apóstolos realizaram a sua primeira viagem missionária, impulsionados pelo Espírito Santo. Fundaram várias comunidades de cristãos em várias cidades com aqueles que acreditaram e se fizeram batizar. Alguém precisa celebrar a Eucaristia para eles, guiá-los na fé e governá-los. São Paulo e São Barnabé selecionaram os homens mais confiáveis dessas comunidades e os nomearam sacerdotes. “Depois que oraram em jejum e os entregaram ao Senhor em que acreditavam, foram estabelecidos presbíteros em cada igreja” (1a Leitura).

Impulsionado pelo Espírito Santo, o celibato apostólico surge quase espontaneamente para ser usado para fins pastorais. É importante ressaltar que o celibato apareceu pela primeira vez como condição para a ordenação sacerdotal no Concílio Provincial espanhol de Elvira por volta de 305. Para a ordenação dos presbíteros, os apóstolos e seus sucessores e colaboradores impõem as mãos sobre essas pessoas, realizando assim o sacramento da Ordem. Por meio dele, eles lhes comunicavam os poderes que haviam recebido de Jesus: o sacramento da Eucaristia, o perdão dos pecados e a execução de outros sacramentos, bem como o poder de ensinar a palavra de Deus e governar os fiéis. São Paulo disse a Timóteo: “Não tenha pressa de impor as mãos a ninguém” (1 Timóteo 5, 22)

Somente um bispo, sucessor dos apóstolos, pode impôr as mãos para ordenar, pelo poder divino que Cristo concedeu aos apóstolos. A igreja precisa de sacerdotes em todos os momentos. Todos devemos promover a vocação de pastores e ver Cristo por trás de cada pastor, mesmo que, por suposição, ele não seja um modelo. E agradeça a Jesus por deixar o sacramento da Ordem em sua Igreja. Sem ele, não haveria Eucaristia nem perdão dos pecados.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen