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Mãe de Deus e o fundamento de sua grandeza

A contextualização da expressão “Theotókos”, de São João Paulo II que, literalmente, significa “aquela que gerou Deus”, à primeira vista pode gerar surpresa; suscita a questão sobre como é possível uma criatura humana gerar Deus. A resposta da fé da Igreja é clara: a maternidade divina de Maria refere-se só a geração humana do filho de Deus e não, ao contrário, a sua condição divina.

O filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai e é lhe consubstancial. Nessa geração eterna, Maria não desempenha, evidentemente, nenhum papel. O Filho de Deus, porém, há mais de dois mil anos, assumiu a nossa natureza humana e foi concebido e dado à luz por Maria.

Proclamando Maria “Mãe de Deus”, a Igreja quer, portanto, afirmar que ela é a “Mãe do Verbo encarnado, que é Deus”. Por isso, a sua maternidade não se refere a toda Trindade, mas unicamente à segunda pessoa, ao Filho que, ao encarnar-se, assumiu dela a natureza humana.

A maternidade é relação entre pessoa e pessoa: uma mãe não é mãe apenas no corpo ou da criatura física saída do seu seio, mas da pessoa que ela gera. Maria, portanto, tendo gerado segundo a natureza humana a pessoa de Jesus, que é a pessoa divina, é Mãe de Deus.

Ao proclamar Maria “Mãe de Deus”, a Igreja professa com uma única expressão a sua fé acerca do filho e da mãe. Portanto, a expressão “Mãe de Deus” remete ao Verbo de Deus que, na encarnação, assumiu a humildade da condição humana, para elevar o homem à filiação divina. Mas esse título à luz da dignidade sublime conferida à Virgem de Nazaré proclama também a nobreza da mulher e sua altíssima vocação. Com efeito, Deus trata Maria como pessoa livre e responsável, e não realiza a encarnação de seu Filho senão depois de ter obtido o seu consentimento.

Mãe de Deus é o maior de todos os títulos, graças e privilégios de Nossa Senhora. Este título lhe foi dado pelo próprio Deus quando a escolheu para ser sua mãe. É o fundamento de sua grandeza, de seu poder e de todos os demais títulos. Foi o primeiro a ser definido pela Igreja como verdade de fé, já em 431.

A Santa Mãe de Deus é a padroeira da Catedral Metropolitana, da Arquidiocese e do município de Porto Alegre. O Santuário Mãe de Deus, edificado no alto morro do bairro Glória, todo o dia 1º dia do ano que inicia, além de glorificar o máximo título de Maria, quer lembrar a todas as mães que a maternidade humana é a maior honra e grandeza da mulher.

A imagem de Nossa Senhora Mãe de Deus recebeu a benção do Papa João Paulo II no Vaticano no dia 27 de julho de 1988, e foi entronizada no nosso Santuário de Porto Alegre. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus!

Dom Darley José Kummer, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre