O Sacramento da Crisma e a decisão vocacional
Em 2017 refletimos demoradamente sobre o processo da Iniciação à Vida Cristã. Em 2018 e 2019 mereceram atenção especial os sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Há poucos dias iniciamos o Ano Novo de 2020, que será dedicado particularmente ao sacramento da Crisma ou Confirmação, em nossa diocese. Retornaremos reiteradamente a este tema em nossas mensagens. Hoje somente fazemos uma apresentação geral e um apelo vocacional.
Através do sacramento da Crisma nossos jovens ou adultos recebem especialmente os dons do Espírito Santo em sua vida, assim como os apóstolos, Maria Santíssima e outros fiéis, os receberam no dia de Pentecostes. Desta forma, eles estão renovando, por responsabilidade própria, o que os pais e padrinhos prometeram, em seu nome, no dia do Batismo. E mais. Eles, agora crismados, com a força do Espírito Santo, querem participar mais plenamente na vida da comunidade, testemunhando, quais discípulos missionários, a sua fé cristã em todos os ambientes.
Infelizmente, com muitos jovens ou adultos, depois de serem crismados, acontece um afastamento da Igreja, o que significa uma verdadeira contradição, pois ao receberem os dons do Espírito Santo, estão em condições de serem cristãos mais coerentes e participativos na vida da comunidade. Portanto, não estavam em condições de terem recebido o sacramento da Crisma, pois não entenderam o seu verdadeiro sentido e, consequentemente, deixaram de vivê-lo, tornando-se até contratestemunhas. Mas causa-nos alegria ao sabermos que muitos dos jovens e das jovens, com a recepção do sacramento da Crisma, de fato sentem-se confirmados em sua vida cristã e querem assumir maiores responsabilidades na vida da Igreja, seja em pastorais, em movimentos ou nos diversos serviços.
Este é também um dos momentos mais adequados para se pensar na decisão vocacional. O jovem se pergunta em que forma de vida vai servir na sua Igreja. Muitos pensarão em constituir uma família, no espírito do sacramento do Matrimônio. Mas, igualmente, por que um jovem ou uma jovem não podem pensar na vida consagrada ou no sacerdócio? Não é possível que Deus não esteja chamando mais jovens de nossa diocese para todas as formas de vida. Todos sentimos necessidade de mais padres, diáconos e consagrados/as; os pedidos se repetem, solicitando a sua presença e atuação, de preferência jovem, nos mais diversos lugares e campos de pastoral. Por isso, teremos que assumir, em conjunto, um verdadeiro “mutirão vocacional” pela oração permanente; pelo cultivo dos ambientes onde nascem as vocações (família, catequese, comunidade); pelo incentivo aos jovens vocacionados para que sejam abertos ao convite de Deus; pela consciência das famílias para que reconheçam a bênção e apoiem os filhos/as chamados/as; pelo testemunho de vida feliz, alegre, entusiasta e de santidade no serviço do Senhor, por parte do clero e pessoas de vida consagrada (DAp 315).
Os candidatos em nossos seminários começam a aumentar novamente e eles estão animados e esperam por novos colegas. Há também um bom número de jovens que estão sendo acompanhados pelo Serviço de Animação Vocacional. Estes últimos continuam seus estudos e trabalho, fora do seminário, mas com encontros periódicos, especialmente nas chamadas Escolas Vocacionais. Deus não deixará de chamar muitos jovens para trabalhar na sua messe. Ele é fiel. Assumamos também a nossa parte.
Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul.