O verdadeiro Natal

Corremos o risco de celebrar o Natal sem Deus. Sem Ele, a alegria não será completa. É o Menino, nascido na gruta de Belém, a causa da alegria autêntica. Celebrar o Natal sem espírito religioso não passa de pura festa popular: muitas luzinhas, muito brilho e até muitos gestos e ritos, mas sem Deus; logo tudo se acaba, pois não há envolvimento e nem compromisso!

Ao contrário, quando o personagem principal for o Menino da gruta de Belém, a celebração do Natal será carregada de compromissos, de fé que se faz vida e de um jeito de viver que inspira e estimula a verdadeira celebração natalina. A ação salvadora do Filho de Deus não é um show de muitas músicas, luzes, comida e bebida; não é um show de gastronomia e presentes, ainda que com saudável convivência. Quando a alegria da festa é o Menino Jesus que vem oferecer a salvação à humanidade, a celebração transcende e se torna compromisso de vida, dá novo sentido à existência de quem a Ele adere e segue.

O Verdadeiro Natal é a celebração da acolhida do mistério que Deus nos oferece, nascendo entre nós, como disse o anjo aos pastores: “Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura” (Lc 2,10-12).

Celebramos o Verdadeiro Natal quando manifestamos ao próximo atitudes de acolhida, de perdão e de misericórdia. Celebrar o Natal é mostrar ao mundo, com um jeito de ser e viver, o bem maior que temos que é Deus. E mostrar Deus ao mundo e no mundo só será possível através de atitudes de amor ao próximo. O evangelista João expressa com clareza: “Se alguém diz: ‘Eu amo a Deus’ e, no entanto, odeia o seu irmão, esse tal é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é justamente o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também o seu irmão” (1Jo 4,20-21).

As celebrações natalinas estão cercadas de ídolos cujo brilho depende dos homens! O brilho do verdadeiro Natal depende de Deus e supera a capacidade do homem. Deus toma a iniciativa, vem até os homens e fala por meio do seu Filho, que é a Palavra que se encarnou: “No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus… E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade” (Jo 1,1-2.14).

Muito mais que uma festa passageira, a celebração do Natal é a acolhida da Palavra de Deus que faz permanente morada no coração quem ama. Mereça a graça de verdadeiramente celebrar o Natal: faça uma boa confissão, participe e pertença a uma comunidade de fé, e comece um novo estilo de vida. Então, viverás a alegria do verdadeiro Natal.

Dom José Mario Scalon Angonese – Bispo de Uruguaiana