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Que a Palavra de Deus fale ao teu coração

Estamos iniciando o mês de setembro, que também é dedicado à Bíblia, sem esquecermos que a Palavra de Deus foi revelada a todos nós como caminho de vida e salvação. Outro motivo particular é o dia da Pátria, ou seja, o dia de recordarmos nossa condição de cidadãos deste imenso país, e manifestarmos gratidão a Deus por termos uma Pátria para chamarmos de nossa, mesmo tendo presente todas as mazelas sociais e a falta de políticas públicas duradouras, que promovam a inclusão social de milhões de brasileiros, relegados ao estado de abandono ou semi-abandono, nas necessidades básicas da vida.

No Mês da Bíblia, diante do contexto histórico que estamos vivendo, mais do que falar da Palavra de Deus, deveríamos deixar a Palavra falar ao nosso coração de filhos e filhas, amados do Pai, para podermos ser curados da pandemia da indiferença, do relativismo, do pouco apreço pelo dom da vida, não só em relação à pandemia do COVID19, que seguramente seguirá seu ciclo e deixará um legado de perdas e dor no coração de milhares de pessoas e famílias, e também na nossa sociedade brasileira.

O pouco apreço pelo dom da vida estava presente no cotidiano da nossa sociedade antes da pandemia, e continuará no pós-pandemia, porque não conseguimos enfrentar como sociedade as causas que geram a violência que afronta e destrói a vida, maior dom de Deus para todos nós.

O Senhor, através da sua Palavra, nos convida a refletirmos profundamente sobre a nossa adesão a Ele, sobre o nosso seguimento de discípulos. Escolher Jesus como Senhor e Mestre, para amá-lo plenamente, pode mudar os nossos esquemas: reorganizar as nossas relações familiares e sociais, a nossa vida, e até os nossos sofrimentos e cansaços terão outro sentido, quando nos colocamos na presença de Deus ou deixamos o Senhor fazer parte da nossa vida.

Colocando o Senhor no centro do nosso coração, dando prioridade às coisas de Deus, à sua Palavra e ao Reino de Deus, todo o restante assume um sentido pleno com uma verdadeira dignidade. Quando a nossa existência, as nossas relações fraternas, o nosso viver e sofrer tem Jesus no centro, quando assumimos o Evangelho como critério no agir e no pensar, tudo se torna “meio para caminhar seguindo os passos do Senhor”.

Seguir Jesus é fazer com que a sua vontade dê um sentido à nossa existência, defina o nosso modo de viver, de amar, de cuidar da vida e da natureza. A realização plena da nossa humanidade está em Jesus, mediador entre Deus e os homens, e se cumpre através da escuta atenta da sua Palavra. Através dela, Deus fala com amor e ternura ao nosso coração, conforta a nossa vida e dá um sentido permanente ao nosso existir.

Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB